A visão da economia na transição
A mudança de governo no Brasil em 2023 não representou apenas mais uma alternância no poder, salutar na democracia.
Representou uma mudança estrutural de uma democracia com economia liberal baseada no livre mercado para um comunismo clássico marxista com forte controle estatal da economia.
O atual governo brasileiro, declaradamente baseado no bolivarianismo, definido pelo seu criador Hugo Chaves como o “socialismo do século XXI”, e que, no entanto, foi interpretado pelo historiador Richard Pipes autor do livro “O Comunismo” e outros 20 livros sobre a história da Rússia e da União soviética, na verdade, como “um regime de ideal comunista”.
O fato é que em pleno século XXI ainda estamos no Brasil presos ao antigo debate acadêmico envolvendo capitalismo e liberalismo econômico x socialismo e intervencionismo estatal. Hoje, no entanto, não faz mais sentido. Todas as nações que praticavam o comunismo na até a década de 90 foram sepultadas na falência por auto destruição da antiga União Soviética.
Nos dias atuais, vemos que as 10 maiores nações do ponto de vista do Índice de Desenvolvimento Humano - IDH são democracias capitalistas baseadas no livre mercado, e, ainda, das 20 nações mais ricas do planeta as 20 organizam seu sistema econômico nos moldes capitalistas, sendo a China a única praticante de um capitalismo selvagem e 19 praticam a democracia é apenas a China ainda massacra seu povo numa ditadura comunista.
Foi a democracia capitalista que permitiu e proporcionou a criação e livre distribuição de riqueza, vencendo e convencendo o mundo inteiro. Por outro lado, foi o sistema comunista que distribuiu miséria, sofrimento e opressão onde foi implantado. Esta realidade foi percebida e eternizada pelo filósofo carnavalesco brasileiro Joãozinho 30: “Quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta é de luxo”.
Apenas para registro, tecnicamente, o comunismo ainda é praticado em 05 nações no mundo e em nenhuma existe corrente de migrantes querendo entrar, só sair: China, Vietnã, Laos, Coreia do Norte e Cuba. As nações aliadas deste grupo são: Venezuela, Nicarágua e demais países do eixo comunista bolivariano da América Latina.
Assim sendo, temos a exata noção da repercussão negativa que causou no mercado a alternância de poder no Brasil e a linha adotada até aqui pelo governo empossado.
Intervenção do Estado na economia. Em contraposição à livre economia que garantiu o desejado padrão de vida das nações do 1° mundo e vinha sendo praticado no Brasil com êxito reconhecido internacionalmente. Neste particular, a comparação entre as duas Coreias é inevitável.
Controle das pessoas e das empresas pelo governo central. Em contraposição às liberdades e direitos individuais presentes nas nações livres, a exemplo dos EUA. Neste ponto assustam as declarações do presidente da República e do seu ministro da Justiça, ex-integrante do Partido Comunista do Brasil, que indicam a busca dos caminhos venezuelanos do chavismo.
A defesa do monopólio estatal. Vide Correios, Portos e Aeroportos, etc. Em contrapartida, a livre economia garante a livre concorrência e o acesso a bens e serviços mais justos e de melhor qualidade nas desejadas economias de 1° mundo. Ninguém sai de Miami para fazer compras em Havana.
A expropriação e constrangimento patrimonial aliado a tutela e intervenção do Estado sobre a vida e os bens do indivíduo. Vide as recentes invasões de terra e destruição do patrimônio alheio no agronegócio, e, mesmo nas pequenas propriedades. As recentes declarações do presidente da República e de seu ministro da Justiça, e ainda, de demais integrantes do governo em apoio a prática reiterada de crimes contra o patrimônio só aumentam a insegurança jurídica num segmento que tem sido o motor da economia brasileira.
Este cenário agride o direito à propriedade privada e a acumulação de riqueza fruto do trabalho. O liberalismo defende o indivíduo e suas potencialidades, sua capacidade de empreender e transformar sua própria história, de sua família e da sociedade que o cerca. A livre iniciativa é a base do desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades nas economias avançadas.
A base do pensamento comunista bolivariano é inimiga do trinômio família-patrimônio-liberdade.
As ações necessárias para implantação desse poder político e econômico opressor ocorrem de forma monotonamente previsível. Os princípios ideológicos bolivarianos comunistas estão presentes em todas as ações deste governo. Importante para entendimento desta parte da análise é ler o decálogo de Lênin, Gramsci, Karl Marx, o foro de São Paulo, e, por fim, os programas dos partidos de esquerda que compõem o governo. Não ler esses documentos é como brasileiro assistindo jogo do futebol americano: não entende nada.
- Aparelhamento da máquina pública com fins políticos partidários eleitorais (toma lá dá cá);
- Ameaças e cerceamento das liberdades individuais, de proteção à pessoa e ao patrimônio privado;
- Controle e censura da mídia tradicional e redes sociais. Base do bolivarianismo comunista;
- Abandono da rigidez necessária no equilíbrio fiscal;
- Abandono das metas prudenciais da inflação. Vide Argentina, Venezuela, Nicarágua etc.
- Abandono da política de controle responsável da taxa de juros;
- Abandono da lei das Estatais;
- Politização das remunerações no serviço público para cooptação de apoio necessário às mudanças, comprometendo o equilíbrio fiscal;
- Aumento da carga tributária de forma generalizada como instrumento de financiamento da gestão irresponsável e transferência de poder: mais força para o poder estatal e mais dependência do setor privado. Comunista é amigo de imposto.
Todos os pontos básicos da economia e da vida social estão sendo revistos pelo governo que chega e que tem ocasionado uma virada do mercado na percepção do futuro do Brasil.
A reação do mercado já pode ser sentida com a inversão de expectativas, que norteiam investimentos geradores de empregos, renda e impostos.
Utilizando 12 índices acompanhados pelo Boletim Focus do Banco Central verificamos que no comparativo de 21 de outubro de 2022, ou seja, último Boletim Focus antes das eleições com o Boletim Focus de 24 de fevereiro de 2023, 08 índices apresentaram desempenho pior agora em relação àquela data. Notadamente, os relacionados a custo de vida, crescimento econômico, cambio e finanças públicas.
Já no comparativo da previsão para o final do ano de 2023, confrontando a visão de 21 de outubro de 2022 com a visão de agora, base 24 de fevereiro de 2023, 07 índices pioraram na visão do mercado.
Por fim, na comparação entre as mesmas datas, o ano de 2024 se apresenta com 09 índices piores, na visão do mercado em 2023 do que parecia em 2022.
A Gestão da Moeda
Emblemática na desconstrução do modelo liberal, para transição para um modelo controlador intervencionista, é a guerra empreendida pelo governo atual para derrubar o presidente do Banco Central brasileiro, que aliás, desempenha um trabalho impecável e reconhecido no mundo inteiro. O objetivo, claramente, é reverter a independência do Banco Central. Esta é a senha para destruir o controle da moeda e da inflação em prol de uma completa liberdade de gastar.
Neste caminho, a Argentina vive uma inflação na casa dos 100% e uma economia destruída. Isto em menos de 04 anos de um governo em linha com o bolivarianismo e aliado do atual governo brasileiro.
A doutrina liberal propõe o controle da inflação como ponto básico da estabilidade econômica. Faz sentido. Se a economia gira em torno do poder de compra do dinheiro, a corrosão deste poder de compra, empobrecerá principalmente a massa de trabalhadores, notadamente, àqueles cujos salários são reajustados apenas anualmente.
Os exemplos são inúmeros ao longo da história. A grande inflação da Alemanha do início do século XX, a inflação brasileira na década de 90 e a inflação argentina de agora, são exemplos que a corrosão do valor de compra da moeda leva a retração econômica, desemprego, fome e miséria. Rapidamente. Nada de bom acontece à economia e ao povo em um período inflacionário.
Então, por que um governo recém-chegado priorizaria o ataque à gestão do Banco Central brasileiro e questionaria aquilo que está dando certo e que é reconhecido pelo mundo todo como um caso de sucesso na condução da Política Monetária Nacional?
A dupla Paulo Guedes e Roberto Campos Neto, tem recebido o reconhecimento internacional pelas suas gestões. Os órgãos que os premiaram são compostos de entidades, países, empresas de comunicação e/ou profissionais também de esquerda. Os números falam por si.
A resposta a este despautério é o que está provocando um início de debandada de empresas do Brasil, a saída de investidores, a falência dos negócios e o consequente desemprego de trabalhadores brasileiros: a implantação de um regime comunista bolivariano. Uma das grandes vantagens para implantação do comunismo bolivariano é que acreditem que ele não está sendo implantado. Os empresários cubanos, venezuelanos, argentinos e nicaraguenses também não acreditavam que fosse possível.
Aos que entendem o que está acontecendo e lutam para manter o Brasil democrático e capitalista só existe um lugar para estar nos próximos 04 anos: na trincheira!
Forte abraço a todos e fiquem com Deus!
As informações contidas neste artigo não refletem a opinião do Jornal Folha de Pernambuco e são de inteira responsabilidade de seus criadores.