O Brasil é um dos países mais ricos do mundo. Porém seu povo não se beneficia disso

Minério: riqueza (quase) inesgotável

Ouro: Minério Brasileiro - Roaring Camp Mining Gold

O objetivo deste artigo é termos uma ordem de grandeza da riqueza do nosso subsolo. A análise resvala muito mais na questão da nossa soberania e na grandeza das nossas riquezas do que na elaboração de um estudo de mercado. 

Portanto, sem compromisso com precisão nos números.

Aliás, este é um segmento em que os números são imensos e têm como referência bilhões de toneladas e trilhões de dólares, além de inúmeras particularidades na exposição dos dados.
Vamos nos focar apenas nas reservas e seu valor estimado. Claro, as reservas conhecidas. O valor estimado no mercado atual a partir do custo de uma unidade de medida comercializável. Não analisando os custos de extração, beneficiamento e comercialização.

Assim sendo: ordens de grandeza para entendermos o contexto.  

Foquemos nos principais minérios: bauxita, cobre, estanho, ferro, manganês, nióbio, níquel, ouro, e, também abordaremos o petróleo. 
Iniciemos pelo petróleo, onde somos o 13° maior país do mundo em reservas, estimadas em 20,273 bilhões de barris (reservas 3P – provadas, prováveis e possíveis). Valor aproximado das reservas: U$ 1,7 trilhão de dólares.

O minério de ferro, é um dos minérios mais antigos descobertos pelo homem. Seu uso remonta a milênios. O Brasil tem uma das 05 maiores reservas do mundo, estimada em 26,1 bilhões de toneladas. Quase U$ 3 trilhões de dólares.

As reservas de Bauxita no Brasil são estimadas em 3,6 bilhões de toneladas. Total do valor estimado das reservas U$ 6,2 trilhões de dólares. A bauxita é matéria prima para o alumínio. O alumínio é um produto altamente demandado no mundo todo e principal matéria prima de vários segmentos industriais.

O manganês é matéria prima utilizada pelas siderúrgicas. As reservas brasileiras estimadas no patamar de 136,5 milhões de toneladas que resultam em U$ 11,6 bilhões de dólares

A cereja do bolo hoje no mundo dos minérios é o Nióbio. Até recentemente praticamente desconhecido do grande público, hoje é considerado um minério extremamente estratégico por ser usado nas indústrias navais, espaciais, automobilísticas e aeronáuticas. Sua utilização oferece ganhos em resistência e leveza. O Brasil tem entre 95% e 98% das reservas mundiais. Reservas estimadas em 842,4 milhões de toneladas e valor das reservas pode atingir até U$ 4,32 trilhões de dólares.

Níquel, utilizado na fabricação do aço inoxidável e aços ligados, dentre outras destinações, tem reservas estimadas no Brasil de 10 milhões de toneladas. O valor estimado das reservas é de aproximadamente U$ 162,2 bilhões de dólares. 

Ouro. Este minério guarda uma particularidade. É um dos mais valorizados e desejados do mundo. Segundo o Serviço Geológico Americano, existem cerca de 50 mil toneladas em “estoque” de ouro pelo mundo. Em 2019, o Brasil produziu 106,9 toneladas (fonte: World Gold Council e da Metals Focus). No entanto, não foi possível encontrar um mapeamento seguro das reservas existentes no Brasil.   

Estanho é utilizado para produzir diversas ligas metálicas, recobrir outros metais, na manufatura de vidros opacos e vernizes, dentre outros fins. Com a terceira maior reserva do mundo o Brasil tem aproximadamente 768 mil toneladas. Valor das reservas aproximadamente U$ 29 bilhões de dólares

Cobre, utilizado para a produção de materiais condutores de eletricidade e em ligas metálicas como latão e bronze, além de inúmeras outras aplicações. Reservas estimadas em 11,9 milhões de toneladas e valor aproximadamente de U$ 100 bilhões de dólares.

Ao fim e ao cabo, sem contar outros minérios e minerais, encontramos, numa análise superficial mais de estimados U$ 15 trilhões de dólares em minérios nas reservas brasileiras.

E o que o país ganha ou ganhou com esta riqueza nacional? Qual o legado que a exploração de minérios deixou no Brasil?  Ao final desta exploração de trilhões de dólares, o que restará? 

Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM, o faturamento do setor mineral no 1° semestre de 2021 foi de R$ 149 bilhões de reais.  

Considerando apenas a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais – CFEM, conhecida como royalty cobrado das mineradoras, foi arrecadado, neste período, parcos R$ 4,48 bilhões de reais. (fonte: Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM).

Conforme legislação, os royalties são distribuídos da seguinte forma: união 10%, estado onde ocorre a produção 15%, estados afetados pela produção 15% e 60% para o município onde ocorre a produção.

Alguém conhece algum município cujo índice de qualidade de vida, educação e saúde está no nível europeu por conta dos royalties da exploração de minérios? Por acaso, Minas Gerais, Bahia ou Pará, estados com maior concentração de exploração de minérios, são estados com índices gerais de qualidade de vida superiores aos demais estados?

A fotografia final é que toda essa riqueza é explorada por apenas algumas dezenas de empresas, na maioria multinacionais, que levam a matéria prima bruta para beneficiamento e agregação de valor no exterior, e, parte volta ao Brasil, em forma de produto acabado.

Sem contar que muitos desses minérios representam no mundo hoje poder político e comercial, que terminam não sendo exercidos nem pelo Brasil e nem pelos brasileiros, mas sim por estrangeiros e por capitais internacionais. 

Nos parece que enquanto se fomentam discussões intermináveis sobre tudo e lacrações às milhares por este país afora, nossas riquezas estão saindo pelo ralo. Sem volta.

- Escrito por Marcio Borba;
- Economista;
- Diretor da Borba Consultoria;
- Presidente da Sociedade Pernambucana de Planejamento Empresarial - SPPE.

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