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O Brasil Tem a 2° Maior Taxa de Juros Real do Mundo. Mas isso ainda não é o pior

O maior problema de uma taxa de juros alta é o custo interno que sufoca pessoas e empresas no Brasil

Foto: Pexels

Após decisão do Banco Central do Brasil – BACEN na última reunião do Comitê de Política Monetária – COPOM, em setembro próximo passado, de elevar a taxa SELIC para 6,25%, dentre outros motivos, para conter a inflação, o Brasil passou a ser o 2° país no mundo no ranking de países com as maiores taxas de juros reais.

Com taxa real de 3,43% a.a., projetados para os próximos 12 meses, ficamos atrás apenas da Turquia, que ostenta 4,96% a.a. no mesmo período. Claro que estamos falando de juros institucionais, que lastreiam a dívida pública, o mercado interbancário e parametrizam as aplicações dos grandes investidores.

Juros básicos da economia são os juros dos meta capitais, que impulsionam os grandes investimentos e movimentam economias nacionais e mundiais. Portanto, sem qualquer conexão no Brasil com o mundo do varejo, consumo e das famílias. 
Neste cenário das pessoas e pequenas empresas, uma taxa de juros de 6,25% a.a. seria um paraíso. A realidade, por exemplo no mercado de cartão de crédito pessoa física, é da prática de taxas anuais entre 59,28% e 422,66%, dependendo da modalidade de utilização: compras parcelas, financiamento de fatura, atraso de pagamento, etc.

No segmento de cheque especial pessoa física, encontramos na pesquisa de 21.09.2021 a 27.09.2021 do Banco Central – BACEN, taxas anuais de 15,99% a 162,38% compreendendo operações de cheque especial, adiantamentos a depositantes e corresponde ao custo efetivo médio das operações para os clientes. Nesta pesquisa, encontramos apenas uma instituição pontuando fora da curva e praticando 342,38% a.a.

Já para pessoas jurídicas, nos informa a mesma pesquisa do BACEN, que houve registros de operações de capital de giro com prazo superior para 365 dias do patamar mínimo anual de 6,5% a 56,99%.

Por fim, observamos que o Sistema Financeiro Nacional – SFN opera a taxa de juros com enorme elasticidade, porém, como existe muito mais demanda do que oferta, neste cenário as taxas e condições são definidas muito mais pela força da oferta do que pelo desejo da demanda.  
Assim sendo, o Brasil ter a 2° maior taxa de juros reais do mundo, que uns acreditam que atrai investidores e outros defendem que não é bom para a economia produtiva, não é o maior problema. O maior problema é o custo interno que sufoca pessoas e empresas no Brasil.

- Escrito por Marcio Borba;
- Economista;
- Diretor da Borba Consultoria;
- Presidente da Sociedade Pernambucana de Planejamento Empresarial - SPPE.

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