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O Sentimento Metropolitano

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Os limites geográficos nacionais foram invenções humanas para delimitar espaços, culturas, língua e dominação geopolítica, dentre outros fatores.

Se ajudou a humanidade e terminou definindo o mundo como ele é, a sua aplicação em tudo e todos os lugares talvez dificulte, de alguma forma, a vida das pessoas. 

A União Europeia, exemplo recente da flexibilização da geopolítica, proporcionou o fortalecimento das nações, moeda, economia, mobilidade e  trouxe progresso e desenvolvimento para as 27 nações que compõe o Grupo.

Trouxe também o desafio da manutenção da cultura local, costumes e a capacidade de cada povo manter suas raízes históricas, língua e modo de vida. 

Um sueco pode desejar viver de forma diferente de um cidadão de Chipre, por outro lado um grego pode ter uma forma diferente de entender os usos e costumes de um cidadão de Portugal, Finlândia ou Luxemburgo. 

Mas, entre desafios, creio, o beneficio foi maior que o custo. 

Voltando à província, no caso concreto da Região Metropolitana do Recife, a aplicação da lógica geopolítica causa alguns transtornos ao cidadão comum.

Os limites dos municípios metropolitanos, hoje cada vez mais contínuos, são, na verdade, imperceptíveis para os cidadãos. Leis municipais que afetam moradores de um lado da rua, podem não afetar o do outro lado, já regido por outra lei municipal.

Nos parece que deveríamos repensar esta questão municipal com uma visão mais ampla.  

Venho todos os dias de Jaboatão para o Recife e vice versa. Para mim não faz o menor sentido, ao passar pela esquina da avenida Boa Viagem com  a Armindo Moura, me sentir noutro lugar. 

Também não percebo qualquer mudança de ares quando atravesso a Armindo Moura vindo da avenida Jequitinhonha, e de repente, já estou na avenida Ayrton Sena. 

Arrecado impostos num lugar e noutro. Mas, a diferença do que recebemos de volta, é capaz de ser sentida no próprio asfalto. Em um pedaço da avenida é bom e dali a pouco vira uma tábua de pirulito, cheia de buracos. Num trecho a manutenção é feita regularmente, 100 metros na frente, não tem manutenção periódica.

A questão do transporte é caótica. Uma diarista de Jaboatão para trabalhar na zona norte do Recife é obrigada a pegar 04 ônibus para ir e vir. O percurso não deve ter mais do que 10 km. 

A questão do táxi chega a ser ridícula. Venho na bandeira 1 e quando atravesso na Armindo Moura, de repente, o taxista aciona a bandeira 2. Viajo a Europa inteira e sou o mesmo com o mesmo passaporte e tratamento. Mas, nas minhas cidades, porque atravesso uma avenida, viro estrangeiro. 

Aldeia é uma região que perpassa sete municípios: Recife, Camaragibe, São Lourenço, Araçoiaba, Paudalho, Abreu e Lima, e Paulista. Dizem que cachorro que tem dois donos, morre de fome. E quem tem sete?

Talvez por isso, que a Estrada de Aldeia me pareça quase a mesma há décadas.

Também, pode ter acontecido o mesmo problema na tragédia de Jardim Monteverde. Era meio Jaboatão e meio Recife. No fim não era, meio, de responsabilidade direta de ninguém.  

Entendo a complexidade criada com o sistema municipalista brasileiro, mas, para o cidadão comum, faria muito bem se em algum momento passássemos a nos sentir mais cidadãos  do mundo e menos moradores desta ou daquela rua.  

P.S: Trump venceu. Na próxima coluna, analisaremos o que isto pode mudar nas nossas vidas.

Forte abraço a todos e fiquem com Deus!

Marcio Borba
Economista CORECON 4229 PE
Diretor da Borba Consultoria 
Presidente da Sociedade Pernambucana de Planejamento Empresarial – SPPE.
 
As informações contidas neste artigo não refletem a opinião do Jornal Folha de Pernambuco e são de inteira responsabilidade de seus criadores.

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