Ozonioterapia é uma aliada valiosa em tratamentos veterinários
No início do mês de novembro, entrou em vigor a Resolução nº 1364, na qual o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) autoriza a utilização da ozonioterapia em animais.
A publicação aconteceu pouco depois de a terapia não farmacológica ser aplicada, com sucesso, no tratamento de animais lesionados durante os incêndios no Pantanal.
Um dos casos mais emblemáticos foi o da onça Ousado, que sofreu queimaduras graves nas patas e, na reabilitação, foi submetido a sessões de ozonioterapia.
A regulamentação era um pleito antigo dos médicos veterinários, que já faziam uso desse recurso, com resultados positivos. A Resolução determina ser prerrogativa desses profissionais prescrever e aplicar a terapia, que utiliza o gás ozônio misturado ao oxigênio.
A oxidação libera radicais livres, que, embora prejudiciais à saúde, estimulam o organismo a produzir antioxidantes naturais, capazes, por exemplo, de combater fungos e bactérias.
Para simular essa reação e produzir o ozônio para fins medicinais, é usado um aparelho que dá descargas elétricas no oxigênio, resultando em uma mistura composta por 95% de oxigênio e 5% de ozônio.
Como o ozônio é tóxico se for inalado por humanos e animais, o gerador de ozônio tem de ser um equipamento bastante seguro. E, como a molécula é instável, deve ser produzida apenas na hora da aplicação.
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Para fazer uso dessa potente técnica, o profissional deve ter a capacitação adequada para avaliar a dosagem e a forma de utilização de acordo com o caso do paciente, a fim de obter as melhores respostas possíveis. Além disso, a ozonioterapia só pode ser utilizada com autorização do responsável pelo animal.
Benefícios
O ozônio possui efeitos analgésicos e anti-inflamatórios, sendo um grande aliado no tratamento de osteoartrites, tendinopatias e lesões na coluna. O cão SRD (sem raça definida) Black, de seis anos, faz uso do ozônio há mais de um ano, para o tratamento de poliartrite.
"Ele desenvolveu esse quadro após ter erlichia (doença transmitida por carrapato) e sentia muitas dores, com dificuldade para sentar e levantar, mancava bastante. Tentamos vários tratamentos, mas o que realmente estabilizou a situação dele foi a união da ozonioterapia com a acupuntura", conta o tutor do cão, o fotojornalista Marcos Pastich.
O ozônio contribui também na recuperação de dermatopatias, podendo ser aplicado topicamente, através do uso de óleo ozonizado. Utilizado em baixas concentrações, estimula a cicatrização. Já quando utilizado em altas concentrações, tem ação antimicrobiana, auxiliando no combate a diversas infecções, inclusive as mais resistentes. A ação antimicrobiana é direta, com efeito oxidante sobre a membrana do microrganismo. Age no combate a bactérias, vírus, fungos e protozoários.
A aplicação do ozônio promove extremo benefício a animais com imunidade baixa ou imunodeficientes e pode ser um tratamento complementar em quadros de infecção do trato urinário, fistulas e abscessos, papilomas, doença intestinal inflamatória crônica, diabetes, insuficiência renal crônica, doenças isquêmicas, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), ceratoconjutivite seca, glaucoma crônico, hepatopatias, doenças neurodegenerativas, entre outras patologias.
Além disso, é adjuvante no tratamento do câncer e ajuda a atenuar os efeitos colaterais da quimioterapia.”O ozônio é rapidamente absorvido pelo corpo quando é feita a aplicação, porém os efeitos são duradouros”, diz a médica veterinária Aline Brasilino, que trabalha com a terapia e a define como "simples, indolor e eficaz".
A aplicação do ozônio pode acontecer de formas variadas. As mais utilizadas são a insuflação retal, com absorção pelo intestino e ação sistêmica, além de aplicações subcutâneas ou intramusculares.
Outro recurso valioso é a autohemoterapia, quando o sangue do paciente é retirado, ozonizado e, em seguida, reaplicado. Também é possível ozonizar bolsas de soro e de sangue, além de óleos usados em tratamentos dermatológicos e/ou feridas.
“Não existem contra-indicações de uso e nem de idade. Mas tem que estar atento à dosagem. A concentração da dose deve ser feita de acordo com a espécie, o tamanho e o peso do animal, levando em conta o tipo da patologia e a via de aplicação”, pontua Aline Brasilino.
Segundo ela, não existem reações adversas ao uso. "Normalmente após a aplicação (via retal), se o animal estiver com o intestino cheio, ele pode evacuar. Mas, só isso."
A veterinária explica que aplicação varia entre R$ 80 e R$ 100 e a periodicidade deve ser de uma a duas vezes por semana, a depender da patologia do animal. É importante salientar que a ozonioterapia deve ser sempre administrada por um profissional habilitado.