Após quase três meses, suspeito é indiciado por crime de maus-tratos contra gatos no Recife
Após quase três meses, a Polícia Civil de Pernambuco, por meio da Delegacia de Polícia do Meio Ambiente (Depoma), concluiu o Inquérito Policial que tratava sobre o caso de maus-tratos contra gatos na Beira Rio, no bairro da Torre, no Recife.
O documento indicia o suspeito pelo crime contra os animais no Artigo 32 da lei de crimes ambientais (9605/98), podendo gerar pena de até quatro anos.
O suspeito é o estudante universitário Pedro Leal, de 23 anos, que foi identificado por protetores e ativistas da causa animal logo após o ocorrido, através da divulgação maciça das imagens das câmeras de seguranças do local.
O caso agora segue para a Central de Inquéritos da Capital e aguardará a análise de um promotor de Justiça, que poderá solicitar novas diligências ou formalizar a denúncia, acusando o estudante.
Os detalhes da investigação foram apresentados pela delegada titular da Depoma, Isabela Porpino Veras, na tarde desta quarta-feira (5). O crime aconteceu no mês de fevereiro.
De acordo a delegada, o suspeito será indiciado pelos crimes de maus-tratos, e as investigações se deram por meio de análises de câmeras de segurança e depoimentos.
“A Polícia Civil concluiu pelo indiciamento do autor nesse crime. Foram realizadas diligências desde a solicitação de câmeras de segurança, acompanhando o trajeto dele, que foi feito em um veículo Gol branco, além do reconhecimento fotográfico”, disse.
De acordo com a delegada, o advogado do suspeito se prontificou para apresentação, mas, no depoimento, foram observadas contradições.
“Foram escutadas 12 testemunhas e analisadas imagens, sendo possível ver a conduta dele maltratando os animais. Checamos a contradição, e foi sendo cada vez mais detalhado com outras diligências”, disse Isabela Porpino Veras.
"Ele confirmou estar no local, disse que foi resgatar dois felinos, um para ele e outro para a irmã, que não maltratou e, na verdade, estava apenas adotando uma conduta como forma de se resguardar com os animais”, completou a titular da Depoma.
A delegada disse, no entanto, que não tem como comprovar nexo de causalidade entre o ato praticado pelo estudante universitário e os cinco felinos encontrados mortos no dia 10 de fevereiro, na manhã seguinte à ida dele ao local.
“Os maus tratos se caracterizam pela agressão aos animais. Analisamos as imagens do dia 9 ao dia 10, e pode se comprovar que houve agressão. Já os gatos encontrados mortos não podemos comprovar o nexo de causalidade com o indiciado. Qualquer informação, a Depoma está à disposição e pode ser instaurado outro inquérito policial”, declarou.
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Segundo Isabela Porpino, a pena pode ser aumentada, de acordo com análise do Ministério Público. Nas investigações, foram colhidos depoimentos de porteiros de prédios próximos ao local, orientador de trânsito, voluntários de ONGs, entre outras pessoas.
Lembre o caso
O crime aconteceu na madrugada do dia 9 de fevereiro e foi flagrado pelas câmeras de segurança instaladas na área pela ex-vereadora do Recife Goretti Queiroz, que bancou os equipamentos com recursos próprios, no intuito de coibir os recorrentes episódios de maus-tratos aos animais que vivem nas redondezas da Beira-Rio.
As imagens mostram quando o estudante chega de carro, um Gol branco, e começa a mexer com os animais. Ele chuta um dos felinos, que fica no chão. Depois, pega outro pelo rabo e pressiona o pescoço dele com o pé contra um canteiro.
De acordo com os registros das câmeras, ele ficou no local das 3h15 até às 4h07. Durante esse tempo, apertou e suspendeu vários animais pelo pescoço. Na manhã seguinte, quatro gatos ainda filhotes e um adulto foram encontrados mortos.
O crime foi denunciado três dias depois, pelo Projeto Independente Gatinhos Urbanos, que atua na proteção e cuidados aos felinos largados na Beira-Rio, uma área conhecida como ponto de desova, há muito sem intervenções eficazes do poder público. Todas as imagens das câmeras foram entregues à Polícia no ato da denúncia.
Pela perplexidade, o caso ganhou repercussão nas redes sociais, sendo compartilhado até por protetores de fora do Estado. Uma voz uníssona em cobrança por respostas e justiça.