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Cães e gatos devem ficar longe de chocolate. Entenda o perigo

Teobromina, substância presente no cacau, é agressiva para o organismo dos pets - Cortesia/Gabriella Autran

Paixão que aguça o paladar de nove entre dez pessoas, o chocolate costuma estar presente nas despensas da maioria das famílias. E, vamos combinar, um pedacinho de chocolate aqui e ali é tudo de bom, né? Mas, e quando o seu cão chega junto, com aquela carinha de quem quer dividir? Esse é um daqueles lanches que não dá para compartilhar com o seu pet de forma alguma. Isso, porque o chocolate tem em sua composição uma substância extremamente tóxica para eles. 

A maioria das ocorrências de intoxicação por ingestão de chocolate está relacionada aos cães, por serem mais trelosos e pidões quando o assunto é comida. Mas os gatos são até mais sensíveis aos perigos do chocolate, porém, como não têm paladar para doce e são mais seletivos na alimentação, pouco se sentem atraídos a esse tipo de extravagância. 

Onde está o perigo?
O chocolate é constituído por carboidratos, lipídios, aminas biogênicas, neuropeptídeos e metilxantinas (teobromina e cafeína). De acordo com a veterinária Aline Brasilino, a teobromina é onde mora o perigo. Se em humanos ela é responsável por uma sensação de relaxamento, chegando até a ter efeito revigorante, nos animais pode causar sintomas completamente diferentes - e perigosos -, podendo até matar. A gravidade dos quadros vai depender do tipo do chocolate e/ou da quantidade ingerida. Por isso, além de não compartilhar o chocolate, você deve sempre lembrar de guardá-lo em um local que não seja de fácil acesso para o pet

Níveis de teobromina 
Quanto mais lipídios (gordura) o chocolate tiver, menor será o teor de teobromina, que é uma substância encontrada no cacau, matéria prima do chocolate, e também muito presente na semente do guaraná. Por isso, o chocolate branco é menos tóxico para os pets do que aqueles com maior concentração de cacau. Quanto mais puro for o chocolate - porcentagem de cacau -, maior será o teor de teobromina e maiores os riscos em caso de ingestão. 

Entre 100mg e 150mg de teobromina por quilo corporal do pet já é suficiente para causar uma intoxicação. O consumo acima de 250mg por quilo do animal pode até ser letal. O quanto isso vai representar em termos de quantidade ingerida vai depender justamente do tipo do chocolate.

chocolate 2224998_1920Tipo do chocolate e quantidade ingerida determinam a gravidade da "trela". Foto: Congerdesign/Pixabay

O chocolate ao leite, por exemplo, tem 154mg de teobromina a cada 100g, enquanto o meio-amargo possui cerca de 528mg a cada 100g. E, embora tenha menor concentração de teobromina, o chocolate branco não está liberado. A gordura presente nele também pode acarretar complicações, incluindo vômito, diarreia e pancreatite. Os cães de pequeno porte tendem a ser mais afetados por conta da relação entre a quantidade ingerida e o peso corporal. “Um animal pequeno comer uma banda de ovo páscoa tem mais risco de complicações do que um animal maior, por exemplo”, diz Aline Brasilino. 

Teobromina no organismo dos pets
A teobromina, assim como a cafeína, é uma substância rapidamente absorvida pelo trato digestivo dos pets, sobretudo estômago e intestino, e distribuída por todo o corpo, com efeitos nocivos ao sistema nervoso central e ao coração. Um detalhe importante é que a teobromina pode sobreviver no organismo dos pets por até seis dias, uma vez que a eliminação da substância não é feita pelos rins e o fígado tem dificuldade para fazer a metabolização. Então, a intoxicação pode acontecer não só de imediato, mas também se houver consumo de pequenas porções por sucessivos dias. Isso reforça ainda mais a importância de mantê-lo em observação por um período mais estendido caso coma chocolate.

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O que fazer se o pet comer chocolate 
O mais indicado é entrar em contato com o médico veterinário para que seja feita uma avaliação. E, se possível, informá-lo sobre a quantidade, o tipo do chocolate e há quanto tempo aconteceu a ingestão. Isso fará com que o profissional analise a melhor forma de conduzir o tratamento, uma vez que não há antídoto para a teobromina. “Se o animal comeu uma pequena quantidade, o máximo que ele vai ter é vômito, diarreia e cólicas. Aí você pode falar com o veterinário e ele vai orientar como proceder. Mas se for uma porção mais significativa ou de chocolate mais concentrado, é importante levar para o consultório”, explica Aline Brasilino. 

Em grandes quantidades, a teobromina pode gerar excitação, hiperatividade, arritmias, tremores, respiração ofegante, incoorderação, febre, convulsões, hemorragia intestinal, entre outros processos. Em geral, os sintomas costumam aparecer entre seis e 12 horas após a ingestão do chocolate. Mas o risco não cessa após esse período, pois, como já dissemos, a teobromina demora no organismo do animal. Em caso de ingestão recente, é comum induzir ao vômito. Se o procedimento não for satisfatório, o veterinário pode optar por uma lavagem gástrica.

Outras terapias poderão ser utilizadas a depender dos sintomas que forem apresentados. Em algumas situações, o animal pode ficar internado, para melhor acompanhamento. Em casa, é importante sempre ter um antitóxico à disposição, como os à base de carvão ativado, que podem ajudar a adsorver diversas substâncias tóxicas ou venenosas no trato gastrintestinal e ajudar nesse tipo de eventualidade.
 

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