Alexa deve ganhar recurso que imita a voz de pessoas que já morreram
Ferramenta foi apresentada pela Amazon, mas ainda não tem data de chegar ao consumidor final
A Amazon revelou, nesta quinta-feira (23), que está trabalhando em um recurso experimental que permite que a Alexa imite as vozes dos parentes mortos de seus usuários. O dispositivo usaria Inteligência Artificial (IA) para, não apenas reproduzir a voz da pessoa que se foi, mas também fazer com que ela execute ações, como ler um livro para uma criança, por exemplo.
A nova função foi apresentada durante a conferência anual da Amazon e mostrou um vídeo em que uma criança pede a Alexa para ler uma história de ninar na voz de sua avó que já morreu.
"Uma das coisas que mais me impressiona na Alexa é a relação de companheirismo que temos com ela. Neste papel de companheirismo, atributos humanos de empatia e afeto são a nossa chave para construir confiança. Esses atributos se tornaram ainda mais importantes nestes tempos de pandemia, em que tantos de nós perdemos alguém que amamos”, disse Rohit Prasad, cientista-chefe da Amazon, que apresentava o painel da Alexa.
Para Prasad, o recurso servirá como uma forma de consolo, para matar a saudade daqueles que já se foram “Enquanto não podemos eliminar a dor da perda, isso pode definitivamente fazer com que suas memórias durem mais”, disse.
Leia Também
• Alexa passa a dar informações sobre curiosidades do futebol
• Amazon anuncia Echo Buds no Brasil e leva Alexa aos ouvidos dos usuários
• Echo Show 10: nova Alexa começa a ser vendida no Brasil
Amazon quer trazer uma tecnologia controversa
Durante a transmissão, cientista da Amazon explicou que para fazer com a Alexa fosse capaz de reproduzir a voz da vovozinha, foi necessário apenas um áudio de um minuto. Apesar de não ter dito quando a funcionalidade chegará ao consumidor final, apenas o fato de que basta ter alguns áudios ou vídeos com a voz do seu ente querido para ele ser reproduzido pela assistente de virtual, já o torna mais próximo ao consumidor.
A tecnologia, porém, é controversa. Nos comentários do vídeo é possível ver usuários questionando não apenas a moralidade de trazer um recurso com essa tecnologia para o grande público como também assustados com a possibilidade da Alexa desencadear um estado de luto duradouro, em pessoas que não conseguiriam desapegar da dor da perda pela proximidade da voz.
Um espectador chega a relembrar o episódio de Black Mirror da segunda temporada, intitulado "Volto já", em que a personagem principal perde o marido em um acidente, mas continua se comunicando com ele através de uma rede social.
É importante ressaltar que tecnologias que clonam as vozes de outras pessoas já existem. No cinema e na Web o recurso é bastante utilizado, seja para complementar falas de atores que já se foram, seja para fazer vídeos engraçados, os chamados “deepfakes de áudio”. O que pode acontecer caso a Alexa conquiste o recurso para o consumidor final é a prática ficar mais acessível.