Dezenas de países pedem regulação do uso da IA na indústria militar
Em nível militar, a IA já é usada no reconhecimento, na vigilância e na análise de situações
Dezenas de países, incluindo Estados Unidos, China e vários latino-americanos, pediram, nesta quinta-feira (16), a regulamentação do desenvolvimento e uso da inteligência artificial (IA) nas Forças Armadas, diante do risco "de consequências indesejadas".
“Existe uma preocupação no mundo inteiro com o uso da IA no âmbito militar e a potencial falta de confiabilidade nos sistemas de inteligência artificial", destaca o texto, divulgado após a primeira conferência internacional sobre o assunto, realizada em Haia.
O texto foi assinado por mais de 60 países, entre eles Estados Unidos, China, Reino Unido, França, Suíça, Espanha, Bolívia, Chile, Equador, El Salvador e Guatemala, que manifestaram suas preocupações relacionadas à "falta de clareza sobre a responsabilidade” da inteligência artificial aplicada à Defesa, e as “potenciais consequências indesejadas”.
Leia Também
• Google deverá demorar para lançar "Bard", software de inteligência artificial rival do ChatGPT
• Microsoft incorpora inteligência artificial da OpenAI ao motor de buscas Bing
• Planejando 2023: inteligência emocional e metas possíveis
Em nível militar, a IA já é usada no reconhecimento, na vigilância e na análise de situações. No futuro, poderia servir para designar alvos de forma autônoma ou para se incorporar aos sistemas de comando e controle nuclear.
“Nunca deixem que o fator humano escape da responsabilidade que deve assumir. Não confiem jamais na inteligência artificial”, enfatizou o general Jörg Vollmer, ex-comandante da Otan.
Organizada pela Holanda e Coreia do Sul, a conferência reuniu cerca de 2 mil delegados, procedentes também de empresas de tecnologia e de organizações da sociedade civil. A Rússia não foi convidada, por causa da invasão à Ucrânia.
Especialistas consideram que ainda estamos longe de um acordo internacional que regule o uso da IA, como acontece com as armas químicas e nucleares. No entanto, os participantes concordaram com a urgência de estabelecer diretrizes.
Os países também anunciaram a criação de uma comissão mundial sobre a IA, para esclarecer a definição de tecnologia no âmbito militar e determinar o seu uso responsável.