Estúdio brasileiro abre campanha para lançar jogo com temática indígena; saiba tudo sobre "Entre as Estrelas"

Em entrevista, o diretor do game, Guille Hiertz, fala sobre as metas e inspirações por trás do projeto

Entre as Estrelas - Divulgação

A indústria de jogos brasileiros tem surpreendido muito nos últimos anos, e "Entre as Estrelas" promete ser uma dessas boas surpresas. O projeto é desenvolvido pela Split Studio e está em uma campanha de financiamento coletivo através do Catarse, a versão nacional do Kickstarter.

A vaquinha conta com mais de 20 opções de recompensas, que vão de R$ 10 até R$ 800, com todas as doações contendo conteúdos como, por exemplo, papéis de parede digitais para PC, nome nos créditos, camisetas ou uma chave para obter o jogo na pré-venda.

O apoio pode ser feito até o dia 27 de fevereiro e, por ser "tudo ou nada", se a meta inicial não for atingida, o jogo será cancelado e o dinheiro, devolvido a todos que participaram.  Nesta quarta-feira (18),  a vaquinha estava com quase 80% de sua meta atingida

Estúdio e escola de São Paulo especializado em animação 2D, o Split ficou conhecido, no final do ano passado, pelo seu trabalho com a retrospectiva animada do Felipe Castanhari, no YouTube.

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O jogo
Baseado em clássicos contemporâneos como "Inside", "Child of Light", "Ori and the Blind Forest" e "Vilant heart", o game conta com elementos da cultura indígena como inspiração para seu visual e história. Quem tem está familiaridade com títulos citados acima vai gostar dos gráficos em 2D que tornam a jogabilidade uma experiência nostálgica. 

Apesar de ser uma ficção, "Entre as Estrelas" baseia-se nas inúmeras histórias reais produzidas pela violência histórica e resistência dos povos indígenas brasileiros, mais especificamente no Centro-Oeste, lar do Pantanal. 

No enredo, após terem sua região assolada pelas queimadas criminosas e sua comunidade inteira expulsa do local, as irmãs Tai e Ari são separadas na luta pela sobrevivência de sua aldeia. Enquanto tentam se reencontrar, elas recebem ajuda de um espírito da natureza, o Encanto, para encontrar seu caminho em meio a homens poderosos que buscam dominar a região.

Entre as Estrelas

O Brasil já provou seu potencial com alguns títulos que marcaram como a Dumativa, que trabalhou nos videogames dos youtubers Marcos Castro (A Lenda do Herói) e Cellbit (Ordem Paranormal); Chroma Squad, da Behold Studios; Horizon Chase, da Aquaris; e o vencedor de melhor jogo indie de 2018 foi Celeste, com arte feita pelo estúdio nacional MiniBoss.

“Entre as Estrelas” deverá ser o próximo título que entrará para essa lista. A especialidade do Split Studio é a animação 2D, mas eles não são novatos nos games. Após já terem trabalhado com nomes gigantes, como "Rick and Morty", "Hello Kitty" e "Turma da Mônica", o salto para o mundo da mídia interativa foi natural, explica Guille Hiertz, o diretor da obra. 


“O lance dos games surgiu com uma visão nossa, pois costuma demorar anos para arrumar alguém que queira nossa animação. E game é mais possível, já que tem muita vantagem, como veículo de contar a histórias”


Split Studio já chegou a trabalhar em jogos flashs para o site do Cartoon Network e atualmente até faz parte de um projeto para adaptar para os games o filme animado mais importante da história do Brasil: "O menino e o mundo".

O blog de Tecnologia e Games conversou com o desenvolvedor Guille Hiertz, diretor do game. Confira o bate-papo:

Por que o tema do Brasil indígena? 
“A escolha do pantanal não foi midiática, ainda que em 2020 tenha acontecido aquele caso dos incêndios. A gente começou com essa ideia em 2017 e, inicialmente, era outra temática, já existiam as duas meninas, a floresta, os espíritos etc. Mas só depois eu trouxe a visão um pouco mais pautada para o nacional. É algo que eu sempre procuro, usar a história do nosso país enquanto tento, ao mesmo tempo, ser universal. Além de que se encaixou muito bem, a gente pesquisou e descobriu os Kadiwéu e a relação deles com os animais super casou com nossas ideias”. 

Você considera que é um tema difícil de abordar?
"É difícil acessar algumas informações, já que a cultura indígena é muito complexa e tem várias línguas completamente diferentes por trás e algumas comunidades que nem querem contato com o resto do mundo hoje em dia, com razão. Ou seja, é delicado demais. Mas é mais do que só levantar uma bandeira, a gente vai fazer trabalho de campo, visitar lá, o pantanal. Já temos até uma viagem marcada e, com certeza, a gente vai precisar fazer outras futuramente, pelo menos umas três."

Como vocês pretendem tomar cuidado com a cultura indígena ao longo do projeto?
"Durante um bom tempo a gente deu uma de pesquisador. Lemos tudo que estava disponível na internet, tese monografia, livro etc. Eu pessoalmente, há uns dez anos, desenvolvi essa vontade de contar histórias especificamente brasileiras, então já conhecia um pouco.  Além de que nós temos pessoas indígenas trabalhando com a gente também, como nossa roteirista pernambucana Graciela de Guarani. Fora que 15% de toda a arrecadação da campanha vai ser doada para associações indígenas que atuam na região do Pantanal."

O que inspira mais vocês neste projeto?
“A princesa Mononoke” é, sem dúvida, uma das minhas maiores inspirações. Mas eu também posso mencionar o “Labirinto do fauno". Todo mundo dentro que passou pelo projeto usou alguma obra que ama e se inspira, e isso só mostra o carinho por trás do jogo”.

Quais das metas que você acha que vão alcançar?
"Eu não sei dizer nem dizer se o que a gente já tem é muito ou pouco, já que crowdfunding é algo novo para a gente. Eu já fiz a conta que provavelmente a gente vai terminar entre a segunda e a primeira meta, mas eu particularmente adoraria chegar na última, que nos permitiria lançar o jogo em guarani, algo que nunca aconteceu antes."

Confira o trailer de "Entre as Estrelas":

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