Google e startup Kairos assinam acordo de energia nuclear
Pequenos reatores adicionais devem começar a operar até 2035, gerando um total combinado de 500 MW
A Google assinou, nesta segunda-feira (14), um acordo para obter eletricidade de pequenos reatores nucleares, com o objetivo de ajudar a alimentar sua inteligência artificial (IA).
O acordo para comprar energia de reatores construídos pela Kairos Power veio apenas algumas semanas após a notícia de que a usina de Three Mile Island, local do pior acidente nuclear dos Estados Unidos, irá reiniciar suas operações para fornecer energia à Microsoft.
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"Acreditamos que a energia nuclear tem um papel crítico para desempenhar no apoio ao nosso crescimento limpo e na entrega dos avanços da IA", disse o diretor sênior de energia e clima da Google durante uma coletiva de imprensa.
"A rede precisa desse tipo de fontes de energia limpa e confiável que possam apoiar o desenvolvimento dessas tecnologias."
Nenhum detalhe financeiro foi divulgado.
IA insaciável
Gigantes da tecnologia como Microsoft, Amazon e Google estão expandindo rapidamente suas capacidades de data centers para atender às necessidades computacionais da revolução da IA, enquanto também buscam fontes de eletricidade em todo o mundo.
O primeiro de uma série de pequenos reatores modulares (SMR na sigla em inglês) desenvolvidos pela Kairos como resultado do acordo com a Google deve entrar em operação até o final desta década, segundo as empresas.
Pequenos reatores adicionais devem começar a operar até 2035, gerando um total combinado de 500 megawatts de potência.
Os SMRs são mais compactos e potencialmente mais fáceis de implantar — com grandes investimentos do fundador da Microsoft, Bill Gates, no setor.
A tecnologia, no entanto, ainda está em seu estágio inicial e carece de aprovação regulatória, levando as empresas a buscar opções de energia nuclear já existentes.
"Vemos isso como uma parceria realmente significativa", disse Mike Laufer, cofundador e CEO da Kairos.
É seguro?
Muitas empresas de tecnologia estão apostando no rápido desenvolvimento da energia nuclear, considerada uma fonte de energia mais consistente do que a solar e a eólica, para atender às demandas elétricas da IA.
O uso da energia nuclear da Three Mile Island pela Microsoft irá abastecer uma rede de energia que cobre 13 estados.
Há uma pressão severa devido ao consumo maciço de energia dos data centers, levantando preocupações sobre a estabilidade da rede à medida que as demandas por IA aumentam.
A AWS, da Amazon, concordou em março em investir 650 milhões de dólares (R$ 3,64 bilhões) em um campus de data centers alimentado por outra usina nuclear da Pensilvânia.
A energia nuclear tem opositores ferrenhos devido a preocupações sobre o descarte de resíduos radioativos, o potencial de acidentes catastróficos e os altos custos associados à construção e desativação das usinas.
O derretimento parcial da Unidade 2 da Three Mile Island em 1979 causou pânico nos Estados Unidos e resultou no vazamento de uma pequena quantidade de gás radioativo.
A Comissão Reguladora Nuclear considerou este o "acidente mais sério na história da operação de usinas nucleares comerciais nos EUA", embora não tenha afetado a saúde dos trabalhadores da usina ou da população.