Reino Unido bloqueia fusão entre Activision e Microsoft
Acordo foi impedido por medo que atrapalhasse o futuro do mercado de jogos online
A agência reguladora britânica bloqueou nesta quarta-feira (26) a compra pela Microsoft da gigante americana de videogames, Activision Blizzard, argumentando que isso afetaria a concorrência no setor de jogos online.
A Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA) "impediu a compra da Activision por temer que o acordo atrapalhasse o futuro do mercado de jogos online em rápido crescimento, levando a menos inovação e menos opções para os jogadores", disse em um comunicado.
"Continuamos totalmente comprometidos com esta aquisição e apelaremos", reagiu a Microsoft, que comercializa o console de videogame Xbox, em um comunicado transmitido à AFP. A Activision Blizzard também se alinharia com esta posição.
A compra, por 69 bilhões de dólares (349 bilhões de reais no câmbio atual), ainda precisa ser aprovada por agências reguladoras da Europa e dos Estados Unidos.
Londres lançou uma investigação aprofundada sobre esta transação em meados de setembro.
A compra da Activision Blizzard pela Microsoft, desenvolvedora de jogos de sucesso como 'Call of Duty', 'World of Warcraft' e 'Candy Crush', criaria a terceira maior empresa de jogos em volume de negócios, depois da chinesa Tencent e da japonesa Sony, fabricante do PlayStation.
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A CMA considerou no final de março que a operação não implicaria problemas de concorrência para os videogames, mas admitiu que persistiam os receios em relação aos jogos online, que oferecem aos usuários a possibilidade de jogar em seus celulares.
"A Microsoft dialogou de forma construtiva conosco para tentar resolver esses problemas (...) mas suas propostas não foram suficientes", disse Martin Coleman, presidente do grupo de especialistas independentes encarregado da investigação da CMA.
A Microsoft propôs licenciar os jogos da Activision, incluindo 'Call of Duty' e 'World of Warcraft', para certos provedores de jogos na nuvem [jogos online] por um período de 10 anos.
Mas a CMA observa que isso só se aplica "a um número definido de jogos da Activision" e seria comercialmente vantajoso, do ponto de vista da Microsoft, que já representa entre 60-70% do serviço global de jogos na nuvem, "tornar os da Activision exclusivos de seu próprio serviço".
- Não é a última palavra -
"Os jogos na nuvem precisam de um mercado livre e de concorrência para estimular a inovação e a escolha [dos consumidores]. A melhor forma de conseguir isso é permitir que a atual dinâmica de concorrência" no setor continue, acrescentou, citado no comunicado.
Na declaração transmitida à AFP, a Microsoft disse estar "particularmente decepcionada" e considerou que a decisão parece "refletir uma má compreensão deste mercado e do próprio funcionamento da tecnologia na nuvem".
Esta decisão "contradiz as ambições do Reino Unido de se tornar um país atraente para criar empresas de tecnologia", afirmou a Activision, acrescentando que deseja "trabalhar energicamente com a Microsoft para reverter isso na apelação".
"Não era a notícia que queríamos, mas está longe de ser a última palavra", disse o CEO da Activision, Bobby Kotick, em mensagem aos funcionários. "Estamos confiantes em nosso caso porque os fatos estão do nosso lado: este negócio é bom para a concorrência", insistiu.
A fusão também levanta preocupações do outro lado do Atlântico, onde a autoridade de concorrência dos Estados Unidos (FTC) entrou com ações judiciais em dezembro para bloquear o acordo.
A União Europeia também abriu uma investigação para determinar se a aquisição tornaria os jogos da Activision exclusivos para o Xbox. A Comissão Europeia deve se pronunciar antes de 22 de maio.
O mercado do Reino Unido é menor do que o dos Estados Unidos ou da União Europeia, mas se o bloqueio de Londres for mantido na apelação, isso pode forçar a Microsoft a desistir do acordo.