SXSW 2023: “Esse é o fim da internet como vocês conhecem”, diz Amy Webb sobre o futuro

Reflexões sobre o uso da Inteligência Artificial generativa e seus impactos dominaram o painel

Amy Webb no South by Southwest - Katarina Bandeira/Folha de Pernambuco
Selo SXSW

No segundo dia do South by southwest (SXSW) 2023, o painel mais esperado e procurado da programação foi o da futurista e CEO do Future Today Institute, Amy Webb, conhecida pelas previsões certeiras para o universo da tecnologia. Em sua apresentação, ela destacou mudanças na forma como vamos utilizar a internet nos próximos anos, os impactos da Inteligência Artificial (IA) generativa, ou seja, que tem capacidade de criar e as consequências do avanço dessas tecnologias na educação, caso a sociedade não consiga focar em tornar seu aprendizado acessível. 

O blog de Tecnologia e Games acompanhou o painel diretamente de Austin, no Texas, em uma cobertura exclusiva do evento feita a convite do Itaú.

“Esse é o fim da internet como conhecemos. E a implicação disso é que, indo para frente, tudo é informação. Os sistemas estarão nos pesquisando”, disse. 

Na 16ª edição do seu relatório de tendências, Webb afirma que, em até dois anos, a IA generativa, como a vista em aplicações como Midjourney, DALL-E e ChatGPT será usada em aplicativos usados pelo consumidor no dia a dia. 

“A Microsoft incorporou o sistema de geração de imagens DALL-E 2 da OpenAl em seus aplicativos Microsoft Designer e Image Creator, o que é uma grande atualização para clip art. O Bard do Google inclui uma API para incentivar os desenvolvedores a começar a criar novos produtos. Notion, a produtividade ‘freemium’ e a aplicação web de anotações, usa LLMs (Modelo de Linguagem de Nível de Linguística) para escrita assistiva”, disse.

Foco no aprendizado 

Logo no início da apresentação, Amy Webb deixa claro que a palavra para as tendências de 2023 é “Foco”. Ao longo de sua explicação fica claro o alerta para que governos, grandes e pequenas corporações passem não a banir o uso de tecnologias em seus espaços - como acontece com o ChatGPT nos Estados Unidos, em que escolas e universidades proibiram o uso do chatbot em suas instalações - mas, ensine a sociedade a usá-las. 

Segundo a futurista, em um cenário pessimista, a falta de democratização do conhecimento a respeito de novas tecnologias poderia levar a uma ruptura social, entre quem sabe usar e quem não tem acesso as ferramentas que devem ser cruciais para novos empregos. 

Para Larissa Ushizima, cofundadora da Alumna, uma ONG que apoia a carreira de mulheres em grupos minorizados, Amy Webb deixou claro a necessidade de investir na educação, ensinado as novas gerações a lidar com as tecnologias criadas no cenário atual. 

“Preparar a força de trabalho do futuro para usar a Inteligência Artificial. Isso é algo que ela traz muito, usando o exemplo hoje dos Estados Unidos, olhando a educação como um setor que tem menos fundos e menos recursos do que deveria. Acho que se a gente olha isso para a realidade do Brasil é ainda mais gritante, a importância da gente preparar e colocar um esforço de orçamento para o futuro da educação e preparar a mão de obra com essas necessidades e essas habilidades do futuro” comenta. 

O fim da escolha está próximo?

Painel é famoso por contar com relatório de tendências em diversas áreas de tecnologiaPainel é famoso por apresentar relatório de tendências de diversas áreas da tecnologia. Foto: Katarina Bandeira/Folha de Pernambuco

Webb também alerta que o futuro das escolhas feitas graças a personalização de conteúdos proporcionadas por programas que já fazem parte da nossa vida, como canais de streaming, também está com os dias contados. Estaríamos prestes a viver um evento chamado por ela de AISMOSIS, um cenário em que todas as IAs vão interagir com dados de qualquer fonte, em qualquer situação - e quando isso acontecer será o fim da internet como conhecemos.

Segundo a futurista, o AISMOSIS dificultaria - entre outras coisas - o acesso a conteúdos personalizados, por exemplo, porque o algoritmo escolheria algo para o usuário baseado em suas últimas ações, não seus desejos. “Nós precisamos nos preparar para o evento AISMOSIS porque ele vai acontecer e quando acontecer as coisas podem mudar para pior”, disse. Para balancear as previsões ruins, Webb também mostrou o que podemos alcançar caso o foco no aprendizado seja realmente uma prioridade nos próximos meses.

“Esse é um aspecto bem interessante da fala dela, entre um futuro catastrófico ou um futuro positivo. Cada realização desse futuro vai depender das ações de hoje, então, no final das contas, foi uma grande chamada para o presente”, ponderou Larissa.

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