SXSW: pernambucanos criam tradutor simultâneo de libras e são finalistas em prêmio internacional

Tradutor é o único projeto latino-americano finalista do South By Southwest 2024

Tradutor simultâneo de libras - Divulgação/Lenovo

Um tradutor simultâneo de libras criado por pernambucanos é o único projeto latino-americano finalista do South By Southwest 2024 (SXSW), o maior evento de tecnologia e inovação do mundo, que acontece em Austin, no Texas (EUA).

Desenvolvida durante cinco anos, a iniciativa, que concorre na categoria Inteligência Artificial (IA), foi criada no Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), com sede no Porto Digital, na área central da cidade, por uma equipe multidisciplinar de mais de 80 profissionais, e contou com financiamento de US$ 4 milhões da empresa Lenovo.

Integram a equipe do projeto desenvolvedores e designers, entre eles profissionais com deficiência auditiva, além de cientistas de dados, intérpretes de libras, linguistas e pesquisadores de IA. O tradutor simultâneo de linguagem brasileira de sinais é o único projeto de uma empresa da América Latina a figurar como finalista nesta edição do evento.

“Durante esses cinco anos, a gente desenvolveu a tecnologia de inteligência artificial por trás da função e um dataset, um conjunto de dados que representa um dicionário de libras da língua brasileira de sinais, que é algo que não existia ainda. A partir dessa tecnologia, a gente consegue fazer a tradução de libras em duas vias”, destacou o gerente sênior de ciência de dados do Cesar, Vitor Casadei, que está no Texas representando a equipe.

Em entrevista à Folha de Pernambuco, Vitor detalhou que a ferramenta funciona com a tradução completa, seja a partir de um texto em português, em que é gerado um vídeo com um avatar que transforma a mensagem em gestos em libras, ou o contrário, quando a linguagem de sinais é processada em texto ou áudio, em português, para o entendimento do outro usuário.

“O diferencial é que o nosso avatar parece uma pessoa real. Ele não é caricato, não é 3D. Na nossa pesquisa, a gente identificou que os surdos rejeitam bastante os avatares que existem hoje, porque eles não parecem humanos, e o nosso, as pessoas ficam até surpresas em descobrir que não é um humano”, explicou Vitor.

Ainda de acordo com o profissional, toda tradução acontece em tempo real e sem a necessidade de hardware específico, basta ter uma webcam instalada no computador/notebook, ou uma câmera no celular.

Gerente sênior de ciência de dados do Cesar, Vitor CasadeiGerente sênior de ciência de dados do Cesar, Vitor Casadei. Foto: Cortesia

Para funcionar, o sistema conta com uma ferramenta de reconhecimento de imagem que identifica a mensagem que está sendo transmitida em libras. O conteúdo é traduzido em áudio ou texto.

“O projeto que a gente submeteu para o SXSW é o que a gente vem desenvolvendo com a Lenovo Brasil. É uma função para atendimento de suporte de laptops da empresa. O cliente pode entrar nessa solução, falar que está tendo um problema com o notebook e um chatbot vai ajudar a resolver", contou Vitor.

Segundo ele, uma pessoa surda poderá acessar o chatbot e interagir em libras, recebendo, também, toda informação transmitida pelo avatar em linguagem brasileira de sinais. O tradutor já passou por testes de validação e está em processo de homologação para ser lançado pela Lenovo.

"Essa solução deve estar disponível até o fim do ano no site da Lenovo, para suporte”, destacou o representante do Cesar. A expectativa é que a ferramenta possa ser adaptada e usada em outras línguas de sinais e idiomas.

A tecnologia sugere diminuir barreiras de comunicação com a população surda. No País, cerca de 2,7 milhões de brasileiros vivem com surdez profunda, segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Outros quatro projetos criados nos Estados Unidos concorrem na mesma categoria dos pernambucanos. O vencedor será divulgado nesta segunda-feira (11), às 21h, horário de Brasília.

"Este é um prêmio bastante importante, porque o SXSW é um evento global e que atrai bastante gente. E é interessante que um projeto de acessibilidade esteja nesta categoria de inteligência artificial e neste contexto, porque além da gente está dando mais visibilidade para as pessoas com deficiência, a gente está ajudando a comunidade surda. Inicialmente, a comunidade surda brasileira, mas a nossa solução a gente consegue fazer em qualquer língua de sinais. Não existe uma limitação", destacou Vitor Casadei.

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