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O mar como cenário e o protagonismo dos animais

A jornalista Olívia Mindêlo lança, na livraria Pó de Estrelas, o livro 'Histórias saídas do mar'

No próximo sábado, 30 de novembro, Olívia Mindêlo lança o livro infantil Histórias saídas do mar (Vacatussa Editora, 84 páginas), na livraria Pó de Estrelas, às 15h30. O livro, que foi ilustrado pela artista Juliana Lapa, traz três contos nos quais os protagonistas são animais — os humanos, quando estão presentes, são apenas coadjuvantes. Durante o evento, além da sessão de autógrafos, haverá a contação de uma das histórias por Stephany Metódio, com tradução em libras por Yastricia.

A obra é composta pelos contos "A Baleia e a Raposa", "Atobaldo" e "Noninho e Magali", cujos personagens centrais são animais e o cenário é o mar e a costa litorânea. Voltadas para um público com idade entre 7 a 12 anos, as narrativas trazem o olhar e a perspectiva dos animais sobre a vida e as coisas, trabalhando o amor pelos bichos, pelo mar, pela terra e promovendo um estímulo à educação emocional das crianças, diante das perdas, da diversidade da vida, da natureza e da máquina de sentir que é a existência.

O primeiro dos contos nasceu há cerca de 10 anos, quando a autora passava por um momento emocional bem complexo e se viu, como a baleia da história, presa. Foi preciso um ser (a raposa) de outro habitat, com costumes e cultura diferentes, se aproximar, se conectar e lhe ajudar a sair dessa enrascada. Nesse diálogo, cada um a seu modo ajuda o outro e depois seguem com suas vidas.

“Nas minhas viagens astrais e imaginativas, junto ao meu amor pelos bichos e à imensa atração pelo passado remoto do mundo, eu me deparei com a imagem desse encontro entre a baleia e a raposa. Uma grande metáfora para o meu momento, mas que me levou a um mergulho profundo. E aí, para as outras histórias, foi um pulo, uma necessidade de criar um livro de contos, de fábulas, digamos assim. Uma coisa foi puxando a outra...”, conta Olívia.

Apelidada pelos amigos carinhosamente de “baleia”, a autora viajou para Fernando de Noronha na adolescência e se aproximou do mundo selvagem. Conheceu o atobá, o pássaro que mergulha para pegar peixes dentro d'água, personagem central do segundo conto. Em 2014 foi a Abrolhos  para conhecer as baleias de perto e lá reencontrou os atobás. Já Noninho e Magali, essa história de amor entre um casal de gatos, é verídica e foi contada por uma amiga que veraneava em Itamaracá.

“Eu queria tentar contar as histórias da perspectiva dos bichos, quando nós humanos, que nos achamos donos do mundo, ainda nem existíamos. É uma forma de relativizar nossa superioridade, e tentar diminuir essa cisão arrogante que criamos em relação a outras espécies. Senti que o processo de escrita poderia ser uma aventura diferente, mais livre, me senti mais à vontade para inventar histórias, eu queria conversar com as crianças e Juliana Lapa, com a sensibilidade e o talento só dela, era a pessoa ideal. Quando comecei a ver as primeiras imagens, foi emocionante: confesso que achei uma loucura alguém transformar minhas histórias em desenho”, detalha a autora.

O processo de diálogo com a ilustradora começou antes mesmo do projeto do Funcultura ser aprovado, com os primeiros traços da raposa saindo do papel através das mãos de Juliana Lapa. “O livro desperta muitas lembranças em mim e também consegue ilustrar a dinâmica de algumas relações. Para mim, são histórias de relacionamentos, de amizade, de família, de amor. Nós trabalhamos juntas, mas Olívia me deixou muito à vontade. O livro é resultado desse olhar pessoal também, enquanto estou desenhando e lendo, ia encontrando espaço nas minhas próprias memórias”, descreve a artista.

Com textos e ilustrações prontas, o projeto gráfico foi assinado pelo artista, ilustrador e designer David Alfonso Suárez. A publicação, viabilizada através do Funcultura, tem uma versão em audiolivro (disponível através de QR code no livro impresso), com narração de Stephany Metódio e Leo Vila Nova, e imagens em audiodescrição (realização da Ferva Acessibilidade).

 

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