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Pernambuco. Ligar por fora. E cozer por dentro 

O perfil da produção pernambucana: tecnologia, logística e cultura/turismo

O entendimento político entre o então governador, Eduardo Campos, e o presidente Lula, entre 2006 e 2010, resultou parte da consolidação industrial de Suape - Foto: Divulgação Suape

“Cortaram Pernambuco em prancha longa e estreita
No Brasil nordestino de que era sabre e testa.”

   João Cabral de Melo Neto, Pernambuco trampolim



Na Bahia, o crescimento foi baseado na liderança de Antônio Carlos Magalhães. Engajado em 1964. Instalou oligarquia regional. E gestores públicos com espaço federal. Ministros que canalizaram recursos para o estado.

Entre 1970 e 2005, dois projetos estratégicos foram levados para o estado baiano: o polo petroquímico de Camaçari e a fábrica da Ford. Até 1960, as receitas fiscais de Pernambuco e da Bahia eram iguais. 40 anos depois, a receita da Bahia era um terço superior à de Pernambuco. O diferencial foi político e passou pelo setor público.

No Ceará foi diferente. O estado cresceu a partir de uma decisão empresarial, no Centro Industrial. Liderada pelo empresário Tasso Jereissati. Que se juntou à família de Ciro e Cid Gomes, da cidade de Sobral.

E, em nível nacional, aliou-se ao grupo do PSDB de Fernando Henrique Cardoso. À época, os tucanos, montados no Plano Real, em 1994, controlaram a inflação. Elegeram FHC. E o reelegeram em 1998.    

O projeto do Ceará veio no espírito de transformação da dupla Tasso/Ciro. Ótica público-privada. Saneamento das contas públicas e política de atração de investimentos privados. O Ceará fortaleceu o turismo, atraiu indústria têxtil, instalou planta siderúrgica, construiu malha de canais de irrigação. E coordenou Pecém com a Transnordestina.

Em Pernambuco, um fato da política interna do estado: a divisão ideológica. Impediu o surgimento de uma liderança, tipo Tasso, ou tipo ACM, dando unidade política ao estado. Embora diferentes nos processos, obtiveram igual êxito nos resultados.

O outro fato tem a ver com a relação política entre Pernambuco e o Governo Federal. Foi baixo o grau de relacionamento político de Pernambuco com gestores federais nos últimos cinquenta anos. A exceção foi o entendimento entre o então governador, Eduardo Campos, e o presidente Lula, nos anos 2006-10. Daí resultou parte da consolidação industrial de Suape.

O desempenho das três economias mostra: nos anos de 1940, o PIB de Pernambuco representava 4,4% do PIB nacional. No ano 2000, caiu para 2,3%. No mesmo período, o PIB pernambucano representava 29% do PIB regional. Em 1995, caiu para 18%.

Em 1970, o PIB do Ceará representava 11% do PIB regional. O de Pernambuco, 29%. E o da Bahia, 35%. Em 1998, o PIB do Ceará alcança 15% do PIB regional. O PIB de Pernambuco cai para 13%. E o da Bahia avança para 38% do PIB regional.

A economia global se define pelos serviços, setor terciário. Este é também o perfil da produção pernambucana: tecnologia, logística e cultura/turismo. É o presente/futuro. Um cenário de azul superior, pintado por Carlos Pena. E verdes intermediários, legado de Burle Marx.

 

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