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Saber viver, como dizem os franceses

A França é complexa demais para caber em definição curta

Museu do Louvre, em Paris - Stephane de Sakutin/AFP

A França é uma revolução, como queriam os jacobinos? Ou é a sede do pensamento inovador: nouvelle cuisine; nouveaux roman, de Natalie Sarraute? Nouvelle vague, de François Truffaut? Ou é uma festa, na definição que Ernest Hemingway deu a Paris?

A França é complexa demais para caber em definição curta. Afinal, franceses produzem mais de seiscentos tipos de queijos. Institucionalizaram cinco regimes políticos (estão na Quinta República). E foram capazes de exibir um arco perfeito na arte. Indo do tangível ao intangível: da beleza de Catherine Deneuve à poesia de Charles Baudelaire.

Acabo de ler Sempre Paris, de Rosa Freire d’Aguiar. Menos pela geografia urbana, transformada por George Haussman. E mais pelo mergulho no cerne do espírito francês.

Ela cita Gertrude Stein, amiga de Picasso: “Paris não é tanto o que a cidade nos dá, mas o que não nos tira”. Rosa acrescenta: só mais tarde eu descobriria o tanto que Paris acrescenta. Em seguida, Rosa conta que depois do golpe no Chile, morreu o poeta chileno, Pablo Neruda. Que tinha sido embaixador de Salvador Allende, na França. Houve grande homenagem a ele. Miguel Angel Asturias declamou seus poemas.

A autora anota aspecto conhecido dos franceses: o gosto por bares e cafés. Gosto, arte tão francesa. Não propriamente de tomar café. Mas de conversar. Para Rosa, os franceses são eméritos conversadores. Têm opinião sobre tudo. Ficam horas entretidos em discussões. Seja no Flore, no Quartier Latin. Seja num boteco no 16º arrondissement.

Rosa testemunhou três presidências: Georges Pompidou, Giscard d’Estaing e François Mitterand. Pompidou marcou o arremate da era Gaulista. Por sua vez, Giscard idealizou o Museu d’Orsay, o Instituto do Mundo Árabe, o grande Louvre, com a Pirâmide. Deixou também o Centro George Pompidou, o Beaubourg. Em 10 de maio de 1981, Mitterand se elegeu presidente. No dia da posse, caminhou pela rue Soufflot, na Rive Gauche, com rosas vermelhas nas mãos. Ao som da Nona Sinfonia de Beethoven. No governo, aboliu a pena de morte, nacionalizou bancos, quebrou monopólio de rádio e tv, aprovou a semana de 39 horas, aposentadoria aos sessenta anos.

A França teve dois grandes ministros da Cultura: Andre Malraux, de De Gaulle. E Jack Lang, de Mitterand. O Brasil contou com Celso Furtado e Francisco Weffort.

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