10 anos de tragédia: Netflix adapta história do incêndio na boate Kiss

Atuação do elenco e reconstrução dos fatos são pontos altos da produção

Luta dos pais das vítimas por justiça emociona em "Todo Dia a Mesma Noite" - Divulgação/Netflix

Nesta sexta-feira (27), a tragédia do incêndio na boate Kiss, que vitimou 242 jovens e deixou mais de 600 feridos em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, completa 10 anos. Recentemente, a Netflix lançou a minissérie “Todo Dia a Mesma Noite”, uma adaptação de cinco episódios do livro homônimo de Daniela Arbex, jornalista que se debruçou sobre o caso e traz o luto dos familiares em suas páginas. Em tempo: Uma década depois, ninguém está preso.

E por beber da fonte do livro de Arbex, a minissérie “Todo Dia a Mesma Noite”, que tem direção de Julia Rezende e roteiro de Gustavo Lipsztein, também foca na luta dos familiares por justiça. O primeiro episódio ambienta rapidamente algumas pessoas e suas famílias antes de retratar a fatídica noite de 27 de janeiro de 2013. A cena é angustiante e caótica, mas nada se compara ao desespero dos pais até descobrir se seus filhos sobreviveram ou não.  

Todo o elenco entrega um bom trabalho, com destaque para Paulo Gorgulho e Raquel Karro, que conduzem uma cena de tirar o fôlego interpretando pais desesperados em um estacionamento em busca do carro do filho. O luto deles ao longo dos cinco episódios conduz bem o drama. O sotaque artificial, aqui gaúcho, é um problema recorrente nas interpretações de produções em modo geral, na minissérie não é diferente, embora não se destaque quando comparado com as atuações.

Também estão na minissérie Thelmo Fernandes, Bianca Byington, Leonardo Medeiros, Debora Lamm, Bel Kowarick, Erom Cordeiro, Paola Antonini, Nicolas Vargas, Flavio Bauraqui e Laila Zaid.

A luta por justiça

A mensagem de “Todo Dia a Mesma Noite” é a de que tragédias como a da boate Kiss não deve ser esquecidas, pelo contrário, é preciso relembrar para honras as vítimas e lutar para que nada parecido volte a acontecer. De certa maneira, a minissérie apresenta um cenário desanimador sobre a justiça brasileira. Uma década depois, os pais ainda lutam para ter o reconhecimento de que o triste episódio não foi um acidente

Em muitos casos, uma adaptação de um crime real para a ficção traz críticas negativas, mas a minissérie traz uma reconstrução de maneira responsável. A produção foca a maioria dos episódios na busca por justiça, sempre acompanhado da ausência dos que se foram

Mesmo com evidências sólidas, “Todo Dia a Mesma Noite” relembra que até os pais das vítimas chegarem a ser réus e que as escolhas criminosas dos donos da boate somadas à irresponsabilidade dos músicos que tocaram naquela noite não foram suficientes para a condenação. O sentimento de tristeza e revolta está presentes em cada episódio.

“Todo Dia a Mesma Noite” está disponível na Netflix. Confira o trailer:

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

Veja também

Reunião sem Lula sobre incêndios tem seis ministros e nove governadores
Incêndios

Reunião sem Lula sobre incêndios tem seis ministros e nove governadores

ONS recomenda que governo volte a adotar o horário de verão
Horário de verão

ONS recomenda que governo volte a adotar o horário de verão

Newsletter