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100 anos de Nosferatu: a influência do vampirão nas séries de TV

Clássico do expressionismo alemão foi pioneiro na cultura pop

"Nosferatu" (1922) foi o primeiro filme de horror sobre vampiro - Reprodução

Março é um mês especial para fãs de horror. Há exatamente 100 anos atrás, em 1922, o vampiro Nosferatu, do alemão Friedrich Wilhelm Murnau, ganhava vida nas telonas com o filme homônimo, adaptado de outro clássico: o romance “Drácula”, de Bram Stoker, publicado em 1897

Banido da Suécia pelo horror excessivo para a época, "Nosferatu" foi o primeiro longa de vampiro da história, unindo a adaptação da narrativa de Stoker com toques expressionistas e garantindo seu lugar de influência pelo seu pioneirismo em tudo que viria a seguir na indústria cinematográfica e televisiva.

Estética expressionista 

No audiovisual, para construir o futuro é preciso pegar referências de quem veio antes. Nesse ponto, “Nosferatu” é uma fonte infinita para estudiosos e produtores até hoje. As técnicas expressionistas usadas no filme, como ângulos profundos e o jogo de luz e sombra marcante, são características usadas em produções atuais (“The Handmaid’s Tale” utiliza muito esse conceito) aprendidas no cinema mudo alemão

História

Nosferatu” traz a história de Hutter (Gustav von Wangenheim), um corretor de imóveis que tem como objetivo vender um castelo em Bremen, na Alemanha. O dono da propriedade é, no entanto, o conde Graf Orlock (Max Schreck), um vampiro que costuma espalhar medo e morte pela região, e que começa a nutrir uma fixação perigosa por Ellen, esposa de Hutter.

+ de Nosferatu

O filme “Nosferatu” (1922) não usou os nomes dos personagens da literatura de Bram Stoker porque o diretor Murnau não obteve acesso a eles. 

Já o remake “Nosferatu: Phanton der Nacht”, lançado em 1979 e dirigido por Werenr Herzog, não só conseguiu fidelizar os personagens como teve grande sucesso em sua réplica, colecionando elogios da crítica.  

Uma das mais recentes obras do cinema inspiradas no original é “Sombra do Vampiro” (2000), de E. Elias Merhige. O filme tem John Malkovich (“Quero Ser John Malkovich”) e Willem Dafoe (“O Farol”) no elenco, e inova ao apresentar uma junção entre fantasia e realidade. Isso porque existia um mito de que Max Schreck, ator que interpretou Nosferatu lá em 1922, era esquisito o suficiente para ser considerado um vampiro de verdade. Dessa lenda surgiu o longa de Merhige.

Há rumores de que um novo filme do clássico vampiro está em desenvolvimento pelas mãos de Robert Eggers, responsável pelos sucessos de “A Bruxa” (2015) e “O Farol” (2019). Queremos!

Na TV

Se no cinema a cultura vampiresca se desenvolveu e trouxe características próprias como em “Entrevista com o Vampiro”, “Drácula”, “Crepúsculo” e outros, a indústria televisiva também cuidou de produzir suas tramas com o tema.

Para citar algumas, em 1997 veio a produção que contribuiria para a popularidade dos sanguessugas: “Buffy: a caça-vampiros”. Uma garota que tem o trabalho de caçar as criaturas enquanto tenta viver uma vida normal. Existe um filme de mesmo nome, lançado cinco anos antes da série.

“True Blood” (2008-2014) e “The Vampire Diaries” (2009-2017) trazem duas protagonistas que começam suas histórias como humanas órfãs, mas que tem a pacata rotina interrompida por um vampiro. Ainda que parta do mesmo ponto, as séries seguem rumos distintos e são bastante aclamadas e reconhecidas pelo público.

 

Falando em reconhecimento, o sitcom “What We Do in the Shadows” (2019-presente) chegou a ser indicado na categoria de Melhor Série de Comédia no Emmy Awards de 2020. A produção é gravada como um documentário onde um grupo de vampiros amigos mostra como é viverem juntos na Nova York atual, mas com comportamentos e costumes de outra época. 

A minissérie “Missa da Meia-Noite” (2021), na Netflix, é uma excelente produção que mescla o tema vampiresco à religião sem expor completamente as características dos seres imortais. Outra que também merece menção é “The Strain” (2014-2017), adaptada das HQs e que apresentam os vampiros em níveis diferentes de inteligência, além de uma anatomia assustadora e original. 

Para não confundir 

Em 2019 uma série intitulada de “Nos4A2” (lê-se como Nosferatu) foi lançada pela AMC. Mesmo fazendo referência ao clássico de 1922, a série segue outro caminho porque é uma adaptação da literatura de Joe Hill tida como uma “reinvenção” do original. 

A série foi cancelada com duas temporadas e traz o protagonista imortal Charlie Manx interpretado por Zachary Quinto. O vilão se alimenta da força vital das crianças que sequestra e a única que parece ser capaz de detê-lo é Vic McQueen (Ashleigh Cummings), uma jovem que descobre ter uma capacidade mágica de encontrar coisas perdidas. 

*Fernando Martins é jornalista, escritor e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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