“Amor Platônico”, da AppleTV+, abre debate sobre amizade no sexo oposto
Série é estrelada por Seth Rogen e Rose Byrne
O termo "amor platônico" tem origem na filosofia antiga, especificamente no pensamento do filósofo grego Platão. De acordo com Platão, o amor platônico é uma forma de amor não físico e idealizado, que se concentra na beleza espiritual e nas virtudes de uma pessoa, ao invés de se basear em atração física ou desejo sexual. No entanto, quando falamos da relação entre homem e mulher, mentalidades, digamos, menos desconstruídas, podem achar que não existe amizade entre os dois gêneros.
Essa ideia patriarcal é provocada com leveza na série “Amor Platônico”, na AppleTV+, que apresenta a amizade de um par de melhores amigos adultos (Seth Rogen e Rose Byrne), afastados por eventos passados, mas que se reconectam após um longo período de desentendimento.
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Transpor esse conceito para uma série de TV pode ser uma tarefa desafiadora, mas também é uma oportunidade para explorar o amor, amizade, identidade e conexões humanas por um viés diferente e pouco crível para algumas pessoas. Para isso, a missão de Nicholas Stoller e Francesca Delbanco, idealizadores da série e cônjugues na vida real, visa responder a pergunta: poderia um homem e uma mulher serem amigos sem segundas intenções?
Na história, Sylvia (Byrne) é casada e tem três filhos pequenos, levando uma vida corrida e cansativa entre a escola das crianças e a organização da casa - ela optou não trabalhar para cuidar dos filhos. Já Will (Rogen), é sócio de um bar com alguns amigos e acaba de sair de um relacionamento amoroso. Ao saber que o ex-amigo está na pior, Sylvia resolve tentar resgatar a amizade perdida, em parte, porque se importa com o colega, por outro lado, seria uma oportunidade de aproveitar mais a vida, saindo um pouco das obrigações da vida adulta para se divertir.
Protagonistas em sintonia
A primeira vez em que Rogen e Byrne trabalharam juntos foi em "Vizinhos" (2014), uma comédia que aborda o conflito entre um casal recém-formado e a fraternidade barulhenta que se muda para a casa ao lado. A dinâmica entre Rogen e Byrne nesse filme foi bem-sucedida e a química dos dois repete o feito em “Amor Platônico”, desempenhando um papel fundamental na eficácia das piadas e no humor da história. A combinação de seus estilos de atuação cria momentos hilariantes e genuinamente engraçados na série.
A sinergia entre Rogen e Byrne na tela é notável, ambos têm presença cativante e complementam-se bem. Suas atuações têm o equilíbrio certo de humor, emoção e naturalidade, o que torna suas colaborações agradáveis de assistir. Seus trabalhos trazem, para o público, a facilidade de acreditar (e se identificar) na história dos personagens, principalmente quem está na mesma idade adulta.
“Amor Platônico” tem a chance de mostrar como as relações podem ramificar-se para além do aspecto físico e como essas conexões podem influenciar positivamente na vida. Além disso, a série explora questões sobre a natureza do amor e a maneira como ele pode se manifestar em diferentes formas e contextos, aqui, especificamente entre amigos, mas que podemos adaptar facilmente para a realidade de cada um. Veja o trailer:
*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.
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