"Black Summer": retorno da série mantém ritmo frenético na luta pela sobrevivência
Quando a série apocalíptica "Black Summer" estreou em 2019 foi um grande destaque dentro da categoria de filmes b (termo usado no cinema quando a produção conta com um orçamento mais modesto). Isso porque serviu e ainda serve como exemplo de que coisas simples também podem ser legais, ainda que não conte com grandes efeitos especiais ou grande elenco. Um pouco mais de dois anos depois, finalmente chegou na Netflix a segunda temporada, dando sequência aos acontecimentos finais da primeira temporada.
Para quem ainda não sabe do que se trata, "Black Summer" é um prelúdio de outra série de zumbi, a "Z Nation", que reúne um grupo de sobreviventes tentando escapar dos ataques dos mortos-vivos. A série canadense também traz a questão da humanidade regredindo aos extintos básicos de sobrevivência (dificilmente você verá alguém que não esteja tentando enrolar o coleguinha), mas, ao contrário do que filmes e séries do gênero fazem, "Black Summer" não está preocupado em mostrar que podemos ser melhores.
A realidade é que a série mal tem diálogo, mas o fato está longe de ser um defeito. Com a maioria das cenas gravadas em plano sequência (amo), os personagens estão apenas tentando sobreviver, vale tudo para isso. Os zumbis, dentro desse universo, são bem ágeis, garantindo em praticamente todos os episódios perseguições frenéticas ao estilo parkour. Não basta a sensação de que todos podem morrer a qualquer momento, a tensão é construída na mordida quase dada, no tiro que quase mata ou no carro que quase explode.
A técnica é, sem dúvida, onde a qualidade de "Black Summer" se mostra mais presente. Além dos planos sequência longos e bem desenvolvidos, o roteiro picotado pode parecer confuso no primeiro momento, mas se torna bem interessante assim que você entende a proposta. Se uma mulher atropela um zumbi com camisa vermelha, por exemplo, a próxima cena pode ser de um homem com a mesma camisa vermelha tentando sobreviver, morrendo e chegando ao ponto de ser atropelado por um carro. Somando com o ritmo entusiasmado das cenas, "Black Summer" acaba triunfando.
Na segunda temporada, velhos personagens como Rose (Jaime King), Anna (Zoe Marlett), Spears (Justin Chu Cary), Ooh Kyung (Christine Lee) e Lance (Kelsey Flower), seguem tentando sobreviver, mas também vemos novos rostos adiante. Difícil manter a empatia pela maioria deles, principalmente pela protagonista, já que a série acaba não priorizando a identificação do público. Mesmo assim, podemos dizer que a torcida para que a coreana sobreviva é unânime.
"Black Summer" é série para maratonar em um único final de semana. Se destaca, ainda, como uma das melhores produções de zumbi do momento - "Kingdom", também da Netflix, não fica atrás. Os novos episódios terminam com margem para uma terceira temporada, só esperamos que ela possa chegar em menos tempo do que a segunda. Veja o trailer:
*Fernando Martins é jornalista, escritor e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Acesse o Portal, Podcast e redes sociais do Uma Série de Coisas neste link.
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