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‘Chambers’: Vale a pena assistir?

Em "Chambers", pais sofrem com a morte misteriosa da filha Becky - Reprodução/Netflix

A série “Chambers”, original Netflix, ficou em evidência no catálogo do streaming por ser liderada pelas estrelas Uma Thurman (Pulp Fiction) e Tony Goldwyn (Scandal). Desenvolvida ao longo de 10 episódios, a produção apresenta uma temática sobrenatural convidativa para os que procuram um suspense psicológico com uma leve pitada de gore.

Chambers” se inicia quando Sasha (Sivan Alyra), uma jovem de descendência indígena, é surpreendida por um infarto que a faz precisar de um transplante de coração. Após receber um novo órgão, a garota começa a ser assombrada por visões e memórias de fatos não vivenciados por ela. Com o objetivo de descobrir os mistérios que envolvem a morte da doadora, a protagonista se envolve com os pais e irmão de Becky, a adolescente morta.

Na vida real, revelar a identidade de transplantados e doadores não é proibido por lei, mas os médicos recomendam fortemente que haja sigilo entre os pacientes. Com isso, a aproximação de Sasha com os pais de Becky (Lillya Reid), fica pouco crível. Mesmo se tratando de uma história de ficção com conteúdo sobrenatural, se faz necessário que a trama seja minimamente condizente com a realidade para causar empatia nos telespectadores.

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Positivamente, a protagonista de “Chambers” não é nada parecida com qualquer núcleo de jovens nas séries “high school”. A escolha do roteiro opta por excluir padrões de mocinha fisicamente atraente e investe na construção da excentricidade de Sasha, se aprofundando na sua história familiar com foco na religião indígena do Arizona. A curiosidade do público é provocada pelo questionamento das crenças da cidade em relação ao que Sasha herda com o novo coração, ora mostrada como uma ameaça letal, ora como dádiva.

Ainda que a trama seja estimulante e grande parte dos personagens impulsione o desejo de ver o que vai acontecer, dez episódios parece ser exagero quando somado a uma narrativa lenta. O capítulo cinco seria um momento interessante de finalizar a primeira temporada, visto que o mistério principal é praticamente todo resolvido nele. Daí em diante, a série trabalha com releituras dos mesmos problemas, entregando um gancho curioso, mas que deixa a sensação de que a reviravolta entregue na metade do seriado foi superior ao final planejado.

Uma Thurman e Tony Goldwyn interpretam os pais de Becky e esse arco é um dos mais bem trabalhados em “Chambers”. O assombro pela perda da filha fica constantemente estampado no rosto da dupla, principalmente pela personagem de Thurman. A atriz está em seu auge dramático no papel da mãe traumatizada que tenta buscar superação interagindo com Sasha. Já Goldwyn se prova bastante versátil, tendo interpretado o Presidente Fitzgerald Grant III na série “Scandal” por sete anos, produção que se despediu da TV ano passado. Aqui, o astro apaga qualquer vestígio do líder dos Estados Unidos e incorpora um pai que carrega boa parte dos segredos de “Chambers”.



A fotografia representa com fidelidade a atmosfera do Arizona, muito quente no verão e frio no inverno. Paisagens montanhosas e desérticas estão em sincronia, permitindo um impacto não somente visual, mas emocional, graças às atuações do elenco. Por outro lado, o roteiro expõe diversos subtemas, mas se mantém no raso em todos eles. O mistério usado no início da temporada permanece durante toda a história, sem desenvolvimento notável. Luto e religião é o carro-chefe de “Chambers”, no entanto, somente no último episódio a produção entrega algumas respostas que poderiam ser mais bem trabalhadas em seis ou oito episódios, não em dez.

Chambers” peca nos aspectos citados, mas não chega nem perto de ser uma série ruim. Com problemáticas deixadas para uma possível segunda temporada, tudo que o seriado precisa para honrar o universo criado é de uma montagem mais direta e resumida, desenvolvendo seus arcos de maneira mais envolvente.

CHAMBERS (NETFLIX)
Número de temporadas: 1.
Episódios: 10.
Média de duração: 45min/ep.
Cotação: 3,8/5.

Fernando começou a assistir a séries de TV e streaming em 2009 e nunca mais parou. Atualmente ele acompanha mais de 200 produções e já assistiu mais de 6 mil episódios. A série mais assistida - a favorita - é 'Grey's Anatomy', à qual ele reassiste com qualquer pessoa que esteja disposta a começar uma maratona. Facebook: Uma série de Coisas. Instagram: @umaseriedecoisas. Twitter: @seriedecoisas_ Portal: Uma Série de Coisas.

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