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Com “Ruptura” e “Iluminadas”, AppleTV+ marca nova fase de boas produções

Primeiro semestre rendeu extensão do catálogo e crescimento da qualidade da plataforma

"Ruptura" tem Adam Scott, de "Big little Lies", como protagonista - Divulgação

Quando a AppleTV+ chegou ao Brasil em 2019, muito se falou sobre seu catálogo enxuto. De fato, poucas séries haviam lançado na estreia da plataforma, mas as indicações à atriz Jennifer Aniston por “The Morning Show” nas principais premiações e, no ano seguinte, para o conjunto da obra de “Ted Lasso”, poderia ser um indicativo de que a Apple, aos poucos, tomaria seu lugar ao sol. E tomou.

No último até aqui, muitas produções chegaram ao streaming da maçã que vale sua atenção, embora grande parte careça de divulgação, como a minissérie “O Psiquiatra ao Lado” e a série “Mr. Corman”, não significa que a qualidade seja baixa. Muito pelo contrário. É com “Ruptura” e “Iluminadas”, que a AppleTV+ se estabelece (se é que precisava) como uma grande – e talvez tímida – contadora de histórias.

 
Pessoal e profissional se misturam?

Essa é uma pergunta que a série “Ruptura” faz e que se ramifica para muitos pontos de vista. E não precisamos ficar apenas no universo do corporativismo, como acontece na série. Seja qual for a área de atuação, já cansamos de ouvir histórias e memes de profissionais que choram no banheiro pouco antes de começar o expediente. Quase como se interpretássemos um personagem: quem somos na vida pessoal não pode aparecer no profissional. Ser passional é um defeito, um vexame, proibido. Será?

Essa é a premissa de “Ruptura”. Mark é o protagonista interpretado por Adam Scott (Tell Me You Love Me). Ele lidera uma equipe de funcionários cujas memórias foram cirurgicamente divididas entre vida profissional e pessoal, incluindo a sua própria. Mas quando um colega do trabalho aparece na sua rotina pessoal alegando que nada é o que parece, Mark começa a repensar se tomou a decisão certa ao aceitar dividir a mente.

Série com técnica impecável e atuações ótimas, “Ruptura” com certeza estará em muitas listas de série do ano.

Elisabeth Moss e Wagner Moura, dois gigantes 

“Iluminadas”, adaptação do livro homônimo da autora sul-africana Lauren Beukes, é uma mistura de suspense, sci-fi e investigação policial. O livro foi bastante elogiado quando lançado em 2013. Se bem feita, a releitura para TV pode ter retorno equivalente. Até então, também está sendo considerado um dos grandes enredos dos últimos anos.

Claro que uma boa fatia desse êxito está nas mãos da dupla de protagonistas: Elisabeth Moss, amplamente elogiada por interpretar June em “The Handmaid’s Tale” e o ator brasileiro Wagner Moura, de “Tropa de Elite”. O primeiro episódio apresenta o universo ao mesmo tempo em que instiga o público a ver o próximo. A curiosidade é cuidadosamente trabalhada.

No início, somos ambientados na década de 1960, onde vemos uma menininha brincando na escadaria de uma residência. Um homem adulto chega e a conversa é desconfortável, ele se mostra íntimo demais. 

Chegamos à década de 1980, Kirby (Moss) agora é uma adulta que tem um trauma. Não sabemos detalhes, mas tudo está ligado àquele encontro. Outras mulheres começam a aparecer mortas e o detetive que cuida do caso de Kirby acende um alerta: todas as mortes são parecidas ao ataque sofrido pela protagonista. Mas longe dali vemos o mesmo homem atacar mais uma jovem, ele aparenta ter a mesma idade, sendo um indicativo de que o serial killer não envelhece.

Na busca por respostas, ela procura auxilio em Dan (Moura), um jornalista que investiga o caso. A dupla tem sintonia e a complexidade dos dois personagens enche a tela. Ambos têm muito que provar, para si e para outros. Mas o trauma de Kirby promete ser um impeditivo grave. Ela passa a viver experiências falsas como se fossem verdadeiras. Ela acorda e cumprimenta seu gato, mas no outro dia descobre que, na verdade, é um cachorro. Confuso, mas confia que flui.

No melhor estilo “mind-blowing”, “Iluminadas” é aquela série para se criar teorias e ir debater com os amigos. Vale a experiência. 

 

*Fernando Martins é jornalista, escritor e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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