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Coronavírus nas séries: como as produções abordaram o tema até agora

"This Is Us" foi uma das séries que inseriu o uso de máscaras nos personagens - Reprodução

No mês de abril, a coluna Uma Série de Coisas trouxe dicas de séries baseadas em fatos históricos da humanidade. Um dos exemplos citados no texto foi o atentado ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, gerando a popularização do gênero de espionagem na TV. Hoje, a coluna revive o tema para refletir sobre a realidade que todos nós vivemos e como ela anda sendo retratada na televisão, a pandemia do coronavírus. 

Como sempre menciono aqui, gravações na indústria televisiva e cinematográfica foram adiadas ou canceladas desde que as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) passaram a ser, entre outras coisas, o distanciamento social. Algumas séries puderam, inclusive, incorporar a existência da pandemia em suas narrativas. Mas até que ponto isso permanece? Estamos acompanhando um novo movimento do gênero “apocalipse/vírus” tal como ocorreu com outros fatos reais ou é moda do momento?

O clichê em foco

Antes da COVID-19 fazer parte da rotina das pessoas, séries e filmes já abordavam temas apocalípticos, principalmente os que trazem vírus mortais como ameaça. Não à toa o filme “Contágio” (2011) voltou a ser muito procurado em 2020. O longa é bastante similar (em maior ou menor grau) ao que vemos na realidade: a busca por uma vacina, o medo do desconhecido, a velocidade da propagação do vírus e a politização do que deveria ser resolvido pela saúde pública. 

O seriado “The Walking Dead” e seus vários derivados são bons exemplos do que um vírus desconhecido é capaz de fazer – no entretenimento. Mas nenhuma delas precisou adaptar seus roteiros, a ficção se enquadrou sem sacrifícios.  

Drama dos dois lados

Séries médicas tiveram a oportunidade de homenagear os profissionais que estão na linha de frente fora da ficção. Uma iniciativa válida e natural, realizada pelas principais produções do gênero atualmente em exibição. 

“The Good Doctor” (ABC) e “The Resident” (Fox), ambas exibindo, nos Estados Unidos, a quarta temporada de suas produções, curiosamente adotaram a mesma estratégia de como abordar o coronavírus em seus roteiros. Um ou dois episódios foram o bastante para mostrar o drama vivido por médicos e seus pacientes. 

Do ponto de vista de quem assiste, principalmente em “The Good Doctor”, a justificativa de que os próximos episódios se passariam num futuro próximo, onde o vírus estaria controlado e todos vacinados, não foram suficientes para não causar estranhamento. De qualquer maneira, a homenagem foi feita. 

Já “Grey’s Anatomy” fez o oposto. Antes de lançar sua 17ª temporada, reduziu o número de episódios para 17 (geralmente seria 24) e decidiu dedicar todos os episódios à pandemia. Com tempo maior de tela, claro que o assunto seria mais bem desenvolvido. O telespectador tem uma visão profunda de todas as questões trazidas pelo coronavírus, entre elas a falta de leitos e materiais médicos, o privilégio dos que possuem mais dinheiro, as consequências para os negacionistas, saúde mental no distanciamento social e o preconceito com imigrantes (principalmente asiáticos e italianos).

Fora dos hospitais, séries dramáticas incorporaram nosso dia a dia no comportamento dos personagens. Tramas como “This Is Us”, “A Million Little Things”, “9-1-1” e “9-1-1: Lone Star” tem seus protagonistas usando máscara e álcool em gel. Durante as cenas, conversar apenas por vídeo chamada ou com maior distância, cumprimentar com os cotovelos e abraço individual (aquele gesto de abraçar a si mesmo). 

Ainda, alguns personagens também justificaram a aproximação verbalizando que realizaram os testes de COVID repetidamente, além de cumprir o tempo de quarentena. Para citar uma novela brasileira, a recente “Amor de Mãe” também inseriu o uso de proteção em seu elenco.  

Até quando veremos isso na ficção seriada? É uma pergunta sem resposta. O tempo também dirá se a popularização da pandemia como um gênero no audiovisual chegará a acontecer. Com o plano de vacinação a todo vapor nos Estados Unidos, é provável que aos poucos isso seja deixado de lado. Na vida real, seguimos nos protegendo como podemos, usando máscara, álcool em gel e evitando aglomerações. 

Para mais histórias sobre o tema, aqui vão algumas dicas:

Pandemia – série documental na Netflix
Explicando... o coronavírus – série documental na Netflix
Social Distance – série documental na Netflix
Amor e Sorte – minissérie na Globoplay
Sob Pressão – série na Globoplay
Por um Respiro – série na Globoplay
A Corrida das Vacinas – série documental na Globoplay

*Fernando Martins é jornalista, escritor e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Acesse o Portal, Podcast e redes sociais do Uma Série de Coisas neste link

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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