Crítica: Para assistir “Tidelands” é preciso ajustar as expectativas
Quando se pensa em sereias, o assunto pode ir desde o debate sobre as pessoas que defendem o sereísmo como um estilo de vida, passando pelos seres fantásticos retratados no cinema e na tv até as roupas customizadas para o carnaval. Mesmo não sendo novidade, nos últimos anos o tema vem ganhando notoriedade. A série “Tidelands”, primeira produção australiana a ganhar o selo original Netflix, traz uma forma diferente de contar uma história já cansada para os holofotes, mas que pode atrair a atenção até dos que não curtem o gênero.
Com uma temporada de oito episódios entre 36 e 40 minutos de duração, a história começa com a chegada da jovem Cal McTeer em Orphelin Bay, cidade de pescadores onde foi criada, após uma jornada de 10 anos na cadeia. Interpretada por Charlotte Best (Home & Away, Puberty Blues), a volta da protagonista incomoda alguns moradores locais, desencadeando uma sequência de segredos e intrigas há tempos adormecidas.
O elenco conta com os australianos Aaron Jakubenko (Spartacus: A Guerra dos Condenados), dando vida a Augie, o irmão de Cal; e Peter O'Brien (X-Men Origens: Wolverine), amigo de Augie. O ator brasileiro Marco Pigossi (A Força do Querer) estreia interpretando o personagem Dylan.
É interessante ver atores brasileiros ganhando espaço e prosperando em trabalhos internacionais, como é o caso de Rodrigo Santoro em “Westworld” e Morena Baccarin em “Homeland” e, atualmente, em “Gotham”. Dando sequência aos bons exemplos, chegou a vez de Marco Pigossi – ele mesmo se dublou em português e em espanhol – na série criada por Stephen M. Irwin e Leigh McGrath. Seu personagem tem uma narrativa bem construída e fluída, sendo essencial para a conclusão de alguns arcos.
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A série acerta ao colocar sereias em um patamar de mistério, onde prevalece a incerteza de sua existência pela maioria da população da cidade. Mas a escolha da exposição desses seres e do que eles são capazes, mesmo que discreta, perde a sutileza que seria o maior atrativo da produção. O foco se direciona para os tidelands, considerados filhos e filhas dos sereianos, o grupo possui alguns dons sobrenaturais provenientes de seus antepassados.
Com essa apresentação de personagens, a história se torna envolvente quando coloca problemáticas mais reais na mesma proporção que o núcleo fantástico, como o estilo de vida clandestino da cidade e a relação dos moradores com o contrabando de drogas – um dos meios de maior lucratividade do lugar –, podendo atrair a curiosidade até de quem torce o nariz quando o assunto são as sereias. Mas no desenrolar do roteiro, “Tidelands” peca ao dar soluções rápidas às tramas mais promissoras, deixando o público apegado em personagens isolados e não com a narrativa central. A curiosidade é a força dos episódios, deixando quase sempre um interesse sobre os próximos acontecimentos.
Nesses casos, o vínculo do telespectador com personagens bem desenvolvidos pode salvar a série, mas não é o que acontece em “Tidelands”. O elenco demora a convencer e entrar nos personagens, com exceção de poucos. Peter O’Brien não tem destaque, mas é um dos pontos mais altos em questão de atuação e naturalidade, junto com Pigossi e Jakubenko. A teatralidade de Elsa Pataky (Velozes e Furiosos), que interpreta a vilã Adrielle Cuthbert, é charmoso e sensual no início, mas cansativo em longo prazo.
Confira abaixo o trailer oficial de "Tidelands":
TIDELANDS
Número de temporadas: 1.
Episódios: 8.
Média de duração: 35/45min
Cotação: 2/5
Fernando começou a assistir a séries de TV e streaming em 2009 e nunca mais parou. Atualmente ele acompanha mais de 200 produções e já assistiu mais de 6 mil episódios. A série mais assistida - a favorita - é 'Grey's Anatomy', à qual ele reassiste com qualquer pessoa que esteja disposta a começar uma maratona. Facebook: Uma série de Coisas. Instagram: @umaseriedecoisas. Twitter: @seriedecoisas_ Blog: Uma Série de Coisas.
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