‘Cruel Summer’ prende a atenção em trama de mistério nos anos 1990
Série da Amazon conquista público e atinge 90% de aprovação no Rotten Tomatoes
Diante da enxurrada de séries teen que são lançadas a cada semana, uma se destacou nas últimas semanas: “Cruel Summer”, da Amazon Prime Video, aposta no mistério para fidelizar o público. E consegue. A produção é de Jessica Biel e Michelle Purple (The Sinner), sendo renovada para a segunda temporada.
A trama é ambientada nos anos 1990, mas precisamente em três anos seguidos. Em 1993, a jovem Jeanette (Chiara Aurelia) leva uma vida bem simples, com pais legais e amigos de sua idade. Ela usa aparelho e não é a pessoa mais popular na escola, embora deseje muito isso. Ela se espelha, claro, na patricinha Kate Wallis (Olivia Holt), que vem de uma família com mais recursos financeiros que Jeanette, além de ter um namorado bonito e um futuro próspero. Também neste ano, elas conhecem o novo diretor da escola, que chega para ocupar não só o cargo, como a vizinhança.
Leia Também
• Série “The Wilds” se inspira em "Lost" e reinventa enredo para jovens
• Racismo e maternidade são temas fortes em “Little Fires Everywhere”
• O que esperar de ‘Hanna’, nova série da Amazon Prime Video
Já em 1994, as coisas estão meio confusas. Houve um sequestro, alguém morreu. Um julgamento está em curso e as relações, antes amigáveis, agora se revelam prejudiciais. Pulamos para 1995, onde os personagens lidam com as consequências de seus atos e buscam por respostas. Ao longo de todos os episódios nos é dado vislumbres de cada ano, montar esse quebra-cabeça é o que faz o público querer chegar até o final.
A atriz Chiara Aurelia é um dos destaques do elenco. Apesar de já ter feito aparições em outros filmes como “Jogo Perigoso” e “Rua do Medo – Parte 2”, ambos da Netflix, é na série “Cruel Summer” que sua atuação atinge um nível acima dos trabalhos antigos.
Menção honrosa para a inclusão da construção de um relacionamento entre dois meninos (coadjuvantes para a trama central) completamente diferentes de estilo, fugindo do padrão “branco sarado”. Trazer questões LGBTQIAP+ nos anos 1990 é sempre bem-vindo.
O papel dos pais
O mistério se sustenta na relação entre Jeanette e Kate, mas o que salta aos olhos no início é a dinâmica das meninas com suas famílias e como a influência dos pais é capaz de moldar o futuro das filhas.
Enquanto Jeanette tem pais amorosos e que procuram estar presente na rotina da filha, Kate é ludibriada pela mãe na maioria dos assuntos, principalmente quando a matriarca é pega no pulo pela própria filha.
Quando o problema judicial fica em evidência, ambas as famílias sofrem. Mais ainda, as ações dos pais prejudicam as duas garotas. O fato é que não há um passo a passo sobre como lidar com os filhos ou com os pais, principalmente quando tem um crime no meio.
Vilã e Mocinha
Se tiver julgamento, tem um culpado e um inocente. Atribuir isso às personagens é um jogo bem desenvolvido durante a série, as respostas só chegam ao último minuto e descobrir tudo antes da revelação pode ser uma tarefa fácil ou difícil – depende de quantas histórias parecidas você já assistiu. A ambientação da época é boa, assim como a trilha sonora.
“Cruel Summer” é um bom passatempo que poderia ser delimitada como uma boa minissérie. Não há necessidade para novos episódios, veremos se isso muda com a chegada da nova temporada – data de estreia ainda não confirmada.
*Fernando Martins é jornalista, escritor e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Acesse o Portal, Podcast e redes sociais do Uma Série de Coisas neste link.
*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.