‘De Dag’ tem premissa de ‘La Casa de Papel’, mas desenvolve roteiro mais realista
Quem for assistir a série “De Dag”, escrita e criada por Julie Mahieu e Jonas Geirnaert, e produzida pela FBO, vai sentir um leve déjà vu. Isso porque a trama é bem parecida com “La Casa de Papel”, que recentemente lançou sua terceira parte pela Netflix e que se tornou um fenômeno graças à narrativa instigante e personagens empáticos.
Mas diferente da série espanhola, “De Dag” não possui nenhuma cena humorística, muito menos se preocupa em despertar o favoritismo do público pelos seus personagens. Como diferencial, a série é dividida em 12 episódios, visto de dois pontos de vista diferentes.
Os episódios ímpares contam a história de uma equipe policial – focada principalmente no setor de negociação – que precisam lidar com assaltantes de uma pequena agência bancária, na Bélgica, garantindo a sobrevivência dos reféns que os criminosos capturaram. Já os pares, mostram fatos já apresentados previamente, mas pela ótica das vítimas e dos bandidos.
Seja pela cultura belga ou talvez pela atuação do elenco em geral, a primeira impressão que temos quando a série começa é de que a polícia está tratando o caso como qualquer outra demanda rotineira. É inquietante ver uma criança de oito anos sendo feita de refém e não ter ninguém correndo para tentar resolver a situação, além dos familiares.
Depois do primeiro momento, o clima pacato das cenas em contraste com as situações apresentadas acaba desenvolvendo uma sensação de insegurança nos telespectadores, sem nunca poder prever o que pode acontecer. Quarenta minutos passam voando dessa forma.
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A justificativa de tanta calmaria pode ser pontuada no piloto, quando a inspetora responsável pelo caso deixa claro que não pretende se envolver com os familiares dos reféns para que suas emoções não atrapalhem o caminhar das negociações. O grande atrativo da série belga está nas reviravoltas espalhadas durante o avanço da história, tirando o público da zona de conforto já no primeiro episódio, enquanto prevê um desenvolvimento tenso e imprevisível tanto no plano dos oficiais, quanto na organização dos vilões.
Alguns clichês do gênero são mantidos em “De Dag”. Um deles está na construção da personalidade que os dois principais criminosos possuem, enquanto um é irritadiço e ameaçador, o outro pensa no bem estar das vítimas e em concluir o roubo da melhor maneira possível. Em uma série estrangeira, a fotografia é um dos principais atrativos, mas não nesse caso. Uma película escura e acinzentada é mantida sempre, destacando o clima frio e nublado próprio dos dias de inverno europeu, retratadas da mesma maneira em produções televisivas como “Killing Eve”, da BBC America.
O mérito e a qualidade de “La Casa de Papel” seguem intactos, mas “De Dag” mostra que ladrões assustadores, desprovidos de qualquer simpatia, também podem estimular o comprometimento do público com o programa. Com bombas colocadas estrategicamente nas portas do edifício e, pior, no pescoço dos reféns, a série garante um tipo de angústia que as máscaras de Dalí não aprovam: o extinto
assassino dos seres humanos.
“De Dag” foi transmitida pela NRK (mesma emissora responsável por Skam e Lovleg, sucesso entre adolescentes) e é mais uma confirmação de que séries estrangeiras tem muito que oferecer. A Bélgica, por exemplo, coleciona algumas conquistas na TV, como “Tabula Rasa”, série em alta no catálogo da Netflix, “Hotel Beau Séjour” e “Public Enemy”.
DE DAG
Número de temporadas: 1
Número de episódios: 12.
Duração: 45min/ep.
Cotação: 4/5
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Fernando começou a assistir a séries de TV e streaming em 2009 e nunca mais parou. Atualmente ele acompanha mais de 280 produções e já assistiu mais de 7 mil episódios. A série mais assistida - a favorita - é 'Grey's Anatomy', à qual ele reassiste com qualquer pessoa que esteja disposta a começar uma maratona. Facebook: Uma série de Coisas. Instagram: @umaseriedecoisas. Twitter: @seriedecoisas_ YouTube: Uma Série de Coisas. Podcast: Pocbuster. Portal: umaseriedecoisas.com.br.
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