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Do mundo para as telas: a história da humanidade em séries dramáticas

"The Crown" levou o prêmio de Melhor Série de Drama (entre outros) no Globo de Ouro 2021 - Divulgação/Netflix

Tempos difíceis pede calma e um bom entretenimento diante da TV. Dragões, vampiros ou feiticeiras: vale tudo na hora de se distrair da realidade para passar algumas horinhas nas histórias de fantasia. Para além da ficção, séries e minisséries também podem conquistar aqueles que preferem algo um pouco mais realista. 

Fatos históricos e celebrações anuais da vida real são igualmente válidos para a indústria televisiva e servem como alicerce para tramas envolventes que conquistam boa parte do público. Algumas produções ambientam os personagens em determinada época e desenvolvem narrativas nos conflitos gerados por eles. Outras transformam acontecimentos marcantes da humanidade na alma da série. Confira as dicas.

Elementos da Páscoa no terror

No mês de março é celebrada a Páscoa. A festividade vem com o viés religioso da Ressureição de Jesus, mas também carrega simbolismos como ovos de chocolate e o coelhinho. São com esses símbolos que “Equinox” (2020) cria sua narrativa. A minissérie entrou na Netflix em dezembro e ao longo de seis episódios apresenta a saga de Astrid (Danica Curcic) em sua busca para descobrir novas informações sobre o desaparecimento de 21 jovens que sumiram há 21 anos sem deixar rastros, incluindo sua irmã mais velha, Ida (Karoline Hamm).

A mitologia da produção dinamarquesa brinca com elementos conhecidos no Brasil. O equinócio da primavera, na cultura escandinava, tem o coelho como um dos primeiros animais a aparecer nessa época do ano. O ovo traz a representação da fertilidade e tudo se mistura com suspense e terror quando a protagonista chega cada vez mais perto da verdade. 

Tragédia como ponto de partida

O mundo se chocou com os ataques que aconteceram ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001, em Nova York, somando quase três mil mortos. Para a TV, a soma de tragédias iguais a essa teve como consequência a popularização de um subgênero que já fazia sucesso: séries de espionagem.  

Terroristas infiltrados, segurança nacional e missões quase impossíveis são alguns dos pontos recorrentes nesse tipo de trama. A série “Homeland” (2011-2020) é uma das mais faladas. O enredo das primeiras temporadas começa quando um soldado americano retorna aos Estados Unidos depois de passar oito anos em cativeiro no Iraque. Mocinho ou infiltrado? A analista Carrie Mathison (Claire Danes) tentará descobrir, carregando do peso de não ter conseguido evitar o que aconteceu em 11 de setembro. “Homeland” se reinventou ao longo dos anos e teve seu fim exibido no ano passado, somando prêmios no Globo de Ouro e no Emmy, nas categorias Melhore Série de Drama, Melhor Atriz de Drama, entre outras. 

Outra série equivalente e igualmente premiada é “The Americans” (2013-2018), mas a história, desta vez, gira em torno de um casal de espiões da KGB disfarçados de americanos e com o objetivo de rastrear a rede de espiões que opera em Washington. A série teve tanto sucesso que recebeu prêmios até sua última temporada em 2018, sem perder a qualidade. 

Quando a época se torna personagem

Bom mesmo é maratonar aquela série que faz um trabalho tão detalhado com figurinos, fotografia e ambientação capaz de induzir o público a esquecer até de que vive no século XXI. Ainda com o adicional de aprender sobre costumes que não conhecemos.

Quer entretenimento maior do que as fofocas sociais, familiares e politicagens que circulam a monarquia britânica? Isso a Netflix dá de sobra com “The Crown”, mais uma produção repleta de prêmios – inclusive levou na categoria de Melhor Drama no Globo de Ouro deste ano – e que conta com atuações impecáveis desde o elenco jovem, quando a atual rainha da Inglaterra ainda estava para ser coroada, até os atores e atrizes que chegaram para interpretar as versões mais velhas dos mesmos personagens. Destaque para Gillian Anderson, Emma Corrin, Helena Bohan Carter e Olivia Colman.  

Indo mais ao passado no túnel do tempo, mas ainda em terrenos europeus, “Vikings” (2013-2020) é o ponto fora da curva quando o assunto é período da Alta Idade Média. Na época em que incursões de comércio, saques nórdicos e exploração de terras eram comuns na Escandinávia, conhecemos a história do famoso viking Ragnar Lothbrok, sua vida familiar e seu papel no descobrimento de novas terras. As guerras são violentas e extremamente bem gravadas. Quando o povo viking encontra povos com costumes e religiões diferentes dos seus (como os católicos, por exemplo), o choque de cultura é intenso e interessante. O jogo político, ainda que em situações precárias, também é recorrente.

História na profissão

Se tem uma série que todo comunicador deveria dar uma chance, essa é “Mad Men” (2007-2015). Localizada entre as décadas de 1950 e 1960, a produção é uma coleção de fatos históricos, entre eles o assassinato do Presidente Kennedy e as guerras da Coreia e do Vietnã. 
Mas nenhum deles é desenvolvido tão bem como a evolução da publicidade. Começando pelas campanhas apelativas e constrangedoras até as mais inteligentes, a série acompanha a rotina de uma agência na luta para se manter no topo, passando pelos problemas pessoas dos sócios e funcionários. “Mad Men” foi um sucesso de aclamação do público e da crítica especializada. Vale a pena o play.

Ficou interessado nas séries citadas? Veja onde assistir:

The Crown – Netflix 
Homeland – Globoplay 
The Americans – Amazon Prime Video
Equinox – Netflix 
Vikings – Netflix 
Mad Men – Globoplay/Prime Video

Outras séries históricas para maratonar:

Hunters – Amazon Prime Video
Narcos – Netflix
Downton Abbey – Amazon Prime Video
Teerã – AppleTV+ 
Chernobyl – HBO Go
Peaky Blinders – Netflix 

*Fernando Martins é jornalista, escritor e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Acesse o Portal, Podcast e redes sociais do Uma Série de Coisas neste link

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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