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‘Euphoria’: segundo ano tem problemas de roteiro maquiados por fotografia impecável

A série está renovada para terceira temporada, que chega em 2024

Zendaya ganhou o Emmy de melhor atriz em série de drama por interpretar Rue em "Euphoria" - Divulgação/HBO

Euphoria” é, atualmente, uma das produções mais comentadas da HBO. A primeira temporada foi um sucesso, trazendo um elenco potente e uma fotografia digna de cinema. Depois de muita espera, a segunda temporada estreou mantendo a qualidade das cenas, mas surpreendendo negativamente com problemas que não foram cometidos no primeiro ano. Spoilers à frente.

A primeira temporada de “Euphoria” rendeu um Emmy à sua protagonista, Zendaya, que vive Rue na série. Sua personagem trava um embate de longa data com o vício em drogas, iniciado após a morte de seu pai. A segunda temporada segue com Rue precisando fingir que está limpa para sua família, amigos e namorada, mas um amigo novo promete abalar essa mentira. 

A importância dos personagens

Boa parte do sucesso de uma série está nos personagens que ela apresenta, em “Euphoria” não seria diferente. Foi instigante ver o romance entre Fezco (Angus Cloud) e Lexi (Maude Apatow) florescer, mesmo com a vida perigosa que o rapaz leva. Dificilmente poderia dar certo, mas a tensão foi um dos principais atrativos dos novos episódios. Na verdade, os dois personagens foram superiores tanto em seus arcos individuais como no romance. 

Mas enquanto um casal fascina, outros nomes são esquecidos ao ponto de não ter quase nenhuma fala durante toda a temporada. Kat (Barbie Ferreira) é rebaixada praticamente para um figurante, sendo seu arco um dos melhores da primeira temporada. Maddie (Alexa Demie) apenas sofre pelo ex. Cassie segue levando o drama ao máximo, quase beirando a irritação, mas suas cenas elevam o trabalho de Sydney Sweeney, não seria novidade vê-la com uma indicação ao Emmy.

Roteiro x Fotografia

Mesmo com o rumo disperso dos personagens, a segunda temporada de “Euphoria” tem seus momentos de glória. O episódio em que Rue é confrontada pode garantir o repeteco de indicação nas principais premiações e os planos-sequência que sua fuga pelas ruas da cidade rendeu foi bonita de se ver – tecnicamente, é claro.

O roteiro é o principal ponto contra, elementos com grande potencial foram completamente esquecidos: o problema da mala de drogas não deu em nada, a identidade do homem misterioso na vídeo-chamada de Kat não foi revelada, Rue parece estar bem, mas não vemos a evolução dessa melhora, muito menos entendemos se ela sabe o que aconteceu entre Jules (Hunter Schafer) e Elliot (Dominic Fike)

Em contrapartida, a fotografia é uma obra-prima. Se na primeira temporada temos tons escuros de azul e roxo, agora a tela ganha tons de amarelo e laranja. De acordo com o showrunner Sam Levinson, enquanto o primeiro ano foi gravado no digital, a segunda foi concebida em filme Kodak Ektachrome. A ideia era causar a sensação de que estamos às cinco horas da manhã, já que a primeira pareceu ser uma festa às duas da madrugada. 

Isso traz a reflexão de como uma tecnologia teoricamente em desuso como esse tipo de filme pode ter uma qualidade superior ao que é apresentado pelo digital. De qualquer maneira, “Euphoria” segue colecionando elogios, mas precisa ajustar os trilhos para continuar mantendo uma narrativa que faça sentido.

*Fernando Martins é jornalista, escritor e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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