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"Heartstopper" retorna ainda sensível e aprofunda questões de gênero com qualidade e leveza

Segunda temporada traz personagens novos sem esquecer de desenvolver os secundários

Charlie e Nick vivem a aventura do primeiro namoro, na segunda temporada de "Heartstopper" - Divulgação/Netflix

Atenção, poucos spoilers à frente.

"Heartstopper" retornou para sua segunda temporada com a promessa de continuar encantando o público na história de amor entre Nick e Charlie. A nova fase começa com o casal enfrentando o desafio de contar sobre seu namoro para amigos e familiares que ainda não têm conhecimento da relação. Ao longo dos episódios, a série aborda temas relevantes, como aceitação familiar, relacionamento tóxico e a descoberta de identidades não-cisgênero.

Os novos episódios trazem a jornada de autodescoberta de Nick, que decide se assumir para sua mãe, interpretada por Olivia Colman. Esse momento é delicadamente retratado, mostrando a importância do apoio familiar e o impacto positivo que a aceitação pode ter na vida de jovens LGBTQIAPN+. Em contrapartida, os pais de Charlie aceitam o relacionamento, mas com algumas ressalvas relacionadas ao desempenho acadêmico de seu filho. Essa abordagem destaca a realidade de que nem sempre a aceitação é incondicional e que o apoio dos pais pode vir acompanhado de expectativas e preocupações.

Outro ponto de destaque no novo ano da série é o desenvolvimento da personagem Elle, uma garota trans, que ganha mais profundidade ao longo dos episódios. Além disso, a série introduz novos personagens trans e não-binários, ampliando a representatividade e abrindo espaço para discutir questões importantes relacionadas à identidade de gênero. A amizade complexa entre Elle e Tao, em que ambos têm sentimentos românticos um pelo outro, mas temem revelar a verdade, traz à tona a questão da vulnerabilidade e rejeição.

A tensão entre Nick e Ben, ex-namorado de Charlie, adiciona drama à trama, mas também levanta questões relevantes sobre relacionamento tóxico e como eles podem afetar as amizades das pessoas envolvidas. A preocupação de Nick com a amizade de Imogen e Ben demonstra sua angústia com o bem-estar de sua amiga, mas também ressalta sua desconfiança em relação ao caráter de Ben, que ainda guarda ressentimentos do passado, além da aversão de se igualar ao rival - uma vez que os dois se relacionam com meninos e meninas.

Os personagens secundários também ganham mais tempo de tela, como Isaac, um jovem assexual, e a irmã de Charlie, que tem uma perspectiva mais realista dos preconceitos que o irmão pode enfrentar. Essa abordagem oferece uma visão mais ampla e complexa do mundo da série, mostrando que cada personagem possui suas próprias lutas e desafios a enfrentar.

A inclusão de personagens novos, como o irmão de Nick, David, também levanta algumas questões. A representação de David como uma pessoa desagradável e invasiva que tem pouco entendimento sobre a bissexualidade do irmão é um ponto recorrente na vida real, jogando luz aos preconceitos em relação à bissexualidade. A série aborda essa questão com sensibilidade, assim como em todos os outros temas que se propõe, salientando a importância da educação e do diálogo na desconstrução de ideias preconceituosas.

Em resumo, a segunda temporada de "Heartstopper" mantém a sua doçura e aborda temas importantes relacionados à identidade de gênero, aceitação familiar, amizades e primeiros amores. A série continua sendo uma história adorável e relevante, que conquista o público ao retratar com empatia e sensibilidade as experiências de jovens LGBTQIAPN+ em suas jornadas de autodescoberta e amor. Veja o trailer:

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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