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“Little America” questiona o ‘sonho americano’ pela ótica de imigrantes

Série retorna com segunda temporada na AppleTV+

História de família coreana é contada no primeiro episódio da segunda temporada de "Little America" - Reprodução

Amplamente elogiada internacionalmente, mas pouco conhecida no Brasil, “Little America” faz parte do catálogo da AppleTV+ desde quando o streaming deu as caras no país. Recentemente, a produção retornou com oito episódios que compõem a segunda temporada. Criada pelo indicado ao Emmy, Lee Eisenberg, a série é uma antologia baseada em fatos que narra histórias emocionantes sobre imigrantes e questiona o tal “sonho americano”.

Com episódios de aproximadamente 30 minutos de duração, “Little America” traz a realidade de imigrantes que saem de seu país em busca de uma vida melhor. Passando pela comédia e pelo drama, cada episódio conta uma história que emociona e inspira. Embora cada episódio seja independente, todos os personagens tem algo em comum: a busca pela sobrevivência e pelo sucesso através da perseverança e do trabalho duro, assim como se define o “sonho americano”

E é aqui que está o diferencial de “Little America”. Ao contar narrativas pelos olhos de imigrantes, vemos um lado que nem sempre é retratado em produções americanas. As consequências que os esperam, muitas vezes, é a dificuldade econômica, a deslegitimação das suas culturas e o desenraizamento. A segunda temporada apresenta histórias tocantes e personagens que cativam rapidamente – o que é positivo, visto que acompanhamos suas trajetórias por apenas 30 minutos.

Diferença entre temporadas

Esse tom crítico sobre o sistema dos Estados Unidos não fica tão evidente na primeira temporada, que é mais alegre, positiva e esperançosa. Os novos episódios superam em qualidade os primeiros, que trazem a autocrítica do que realmente esse “sonho” significa e que essa “terra de oportunidades” não é tão frequente quanto poderia. Em ambas as temporadas se mantêm o epilogo com uma breve apresentação da personagem na vida real e por onde ela anda atualmente, o que também é um atrativo que mata a curiosidade de quem se envolve com a trama.

Personagens cativantes

Além da mudança de postura, outro ponto positivo em “Little America” são os personagens e a diversidade das nacionalidades abordadas entre imigrantes. O primeiro episódio, por exemplo, acompanha uma criança coreana que ajuda sua mãe na loja de chapéus que sua família tem, mas quando uma estrela da rádio local compra um chapéu e indica a loja no seu programa, a relação entre ela e a família coreana se transforma. 

O segundo episódio também é bastante promissor. Conta a história de Ines, uma mulher que chega aos Estados Unidos para ser babá de uma família de judeus ortodoxos no Brooklyn. Ela sonha em trazer sua filha para a América, então se interessa no trabalho que sua patroa tem: venda de sutiãs. Ela logo se prova ser boa no negócio e os diálogos dela com suas clientes sobre autoestima é uma das melhores cenas do episódio.

O episódio de número seis também pode inspirar muito. Dessa vez a protagonista é uma mãe japonesa que há anos largou seu maior sonho: ter seu próprio time de beisebol feminino. Depois de se dedicar por anos ao seu marido e filho, ela decide fundar seu time na cidade em que vive atualmente, Ohio. A mensagem é a de que todos devemos buscar aquilo que nos faz feliz. 

“Little America” tem duas temporadas e está disponível na AppleTV+. Vale o play!

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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