“Longlegs: Vínculo Mortal”: Um enigma assustador nas mãos de Nicolas Cage
Thriller dirigido por Oz Perkins chega aos cinemas no próximo dia 29 de agosto
Muito burburinho se criou em torno de “Longlegs: Vínculo Mortal”, estrelado por Nicolas Cage e Maika Monroe, desde os primeiros trailers que foram divulgados. Imagens estranhas que oscilavam em uma trilha igualmente estranha, um mistério visual que chamou a atenção necessária para fundamentar todo o interesse em sua estreia. O longa-metragem chega aos cinemas no próximo dia 29 de agosto e, a convite da Diamonds Films, a coluna Uma Série de Coisas traz algumas respostas.
Desde os primeiros minutos, “Longlegs”, que tem direção e roteiro assinado por Oz Perkins, carrega um desconforto sobre o que realmente está acontecendo na narrativa. A protagonista, uma agente do FBI chamada Lee Harker (Monroe), sofre poucas alterações em seu comportamento, sendo uma personagem que parece antiquada ao ambiente em que ela está, não pela falta de habilidade em seu trabalho, mas, sim, em sua total familiaridade com o caminhar das informações.
Leia Também
• Trágica dança de afeto e sofrimento continua em nova temporada de “Entrevista com o Vampiro"
• Voos e quedas na segunda temporada de "House of the Dragon"
• "Os Outros": Recapitulando a primeira temporada
Na história, um caso antigo de um serial killer autodenominado “Longlegs” (Cage), se estende por anos sem pista alguma, até que, ao chegar nas mãos de Lee Harker, o crime parece ter chances de ser solucionado, graças à investigação da agente e de seu olhar para os fatos.
A fotografia muda sua proporção de tela algumas vezes para criar fragmentos perturbadores de flashback. A escolha de mostrar poucos detalhes do assassino misterioso cria um contraste interessante. Demorar a revelar seu rosto ou as coisas que ele tem a dizer cria uma atmosfera macabra em torno dele, misturando com os toques, ora sobrenaturais ora reais, em que ele se manifesta. Ele é real ou não? E se sim, ele seria o diabo ou um homem?
Os cenários e design de produção não se destacam tanto, mas a forma de como tudo foi enquadrado e mostrado em tela nos salta aos olhos para o que aqueles lugares podem nos dizer sobre o que está acontecendo. Para os mais atentos, o filme brinca com algumas informações a mais sobre o que pode estar por vir, como pequenos avisos escondidos para a audiência. Embora “Longlegs” seja um filme escuro, as cores surgem como um alívio em meio às trevas. O vermelho vislumbra tanto a calmaria quanto a tensão, nos permitindo respirar um pouco, mas sem esquecer os medos. Uma ótima utilização de transições entre certas cenas.
A trilha segue as imagens pontualmente, sempre carregando a tensão na ponta dos dedos. Ora dramática e crescente, como uma besta emergindo devagar, ora discreta, mas atenta ao dialogar com a cena.
O roteiro é ágil, sempre colocando algo novo que prende o telespectador ao que está acontecendo, mas, aqui, há alguns pontos fracos. Certas passagens passam rápido demais para certos dilemas, o avançar da investigação soa um pouco corrido na metade do segundo ato, entrando em conflito com a tensão que se criava em um tom um pouco menor, mais calmo. O cerne central do filme tiraria vantagem de um pouco mais de tempo para avançar para próxima fase, com boas cenas que acabam rápido demais. Sua conclusão se mostra satisfatória em responder as perguntas que foram levantadas, mas acaba por perder um pouco do brilho de seu próprio mistério ao não dar tempo para sua mitologia se expressar de forma mais firme.
Entretanto, algo que balanceia essa questão são as cenas do ator Nicolas Cage. A estranheza, o incômodo, o medo com um toque pontual de ser algo crível. Um personagem capaz de materializar o horror do filme. “LongLegs" é um filme tenso, sombrio e perturbador, que nos envolve em um mistério diferente, mas familiar, tanto em termos de laços parentais, quanto de um medo religioso quase ancestral que a maioria das pessoas possuem. O medo do Diabo.
“LongLegs: Vínculo Mortal" estreia dia 29 de agosto nos cinemas. Assista ao trailer:
*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.