‘Mandamentos de um Serial Killer’ expõe clichê de moralidade distorcida
Os tempos são ótimos para quem é fissurado em séries de suspense policial. Na Netflix, grande parte do conteúdo estrangeiro que entra no catálogo são desse gênero que quase sempre envolve assassinatos macabros e muito mistério. Uma das mais recentes é a série belga “Mandamentos de um Serial Killer”, da criadora e diretora Maarten Moerkerke. A produção conta com 13 episódios e também pode ser vista pela Globo Play.
A história mostra a união entre dois oficiais em um departamento de polícia na Bélgica, fazendo um paralelo entre suas vidas pessoais e o dia a dia na empresa. Vicky sai das Forças Especiais por problemas de saúde, entrando para o setor de Investigação Criminal onde conhece seu parceiro investigativo. Eles precisam lidar com o primeiro caso logo nas primeiras semanas: um serial killer que se inspira nos 10 mandamentos da Bíblia para atacar suas vítimas.
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No primeiro momento, a história nos leva a entender que estamos acompanhando o serial killer matando uma de suas vítimas, uma jovem turca. A identidade do criminoso é revelada sem mistério e, em seguida, ele é detido pela polícia e liberado por falta de provas. A sensação que fica é de que a produção decidiu pular algumas etapas e já começar com a investigação em curso, mas o truque do roteiro engana o público e entrega as verdadeiras intenções já ao final do piloto.
Ainda que a reviravolta incentive o público a querer saber mais da trama, os primeiros cinco episódios se desenvolvem de maneira lenta, intercalando com as mortes violentas demais para telespectadores mais sensíveis. A série belga não é a primeira a ser disseminada no Brasil (“De Dag” e “Tabula Rasa”, também produzidas na Bélgica e disponívels na Globo Play e Netflix, respectivamente, já passaram por aqui), mas diferente das citadas, passeia por clichês óbvios sem trazer nada de novo, sendo um risco se comparada a tantas outras do gênero.
A moralidade distorcida que “Mandamentos de um Serial Killer” apresenta em seu antagonista pode ser relembrado, inclusive, no filme Seven (1995) estrelado por Brad Pitt e Morgan Freeman. Algum personagem da série até brinca com essa referência. A produção está longe de inovar dentro da trama: A sexta temporada de “Dexter” (2006-2013) também trabalhou com assassinos do apocalipse que seguiam os mandamentos bíblicos e já desenvolvia a ideia de “os fins justificam os meios” com seu protagonista.
O público insistente que não desistir nos cinco primeiros episódios pode estranhar na segunda metade da temporada um ritmo mais acelerado. O roteiro dá uma guinada, deixando para revelar os pontos-chaves antes do final. A decisão é válida para acostumar o público com o que foi exposto sem deixar o gostinho de “fica bom quando termina”. O foco na vida pessoal da dupla de protagonistas também é um ponto positivo, já que humaniza os personagens e alterna com as investigações dos crimes, estes um pouco maçante para quem prefere narrativas com adrenalina.
“Mandamentos de um Serial Killer” não traz grandes surpresas e poderia ter sido desenvolvida em uma versão compacta de oito episódios. Ainda assim, amantes de suspense policial pode encontrar na série uma boa forma de passar o tempo, mesmo que a produção passe longe do tipo de série que não sai da cabeça nem na hora de dormir.
MANDAMENTOS DE UM SERIAL KILLER
Número de temporadas: 01.
Episódios: 13.
Média de duração: 45min/ep.
Cotação: 2/5.
Fernando começou a assistir a séries de TV e streaming em 2009 e nunca mais parou. Atualmente ele acompanha mais de 280 produções e já assistiu mais de 7 mil episódios. A série mais assistida - a favorita - é 'Grey's Anatomy', à qual ele reassiste com qualquer pessoa que esteja disposta a começar uma maratona. Facebook: Uma série de Coisas. Instagram: @umaseriedecoisas. Twitter: @seriedecoisas_ YouTube: Uma Série de Coisas. Podcast: Pocbuster. Portal: umaseriedecoisas.com.br.
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