Maratonar ‘Sense8’ é uma boa opção para curtir com o mozão
No espírito do Dia dos Namorados, comemorado na próxima terça-feira (12), venho indicar uma série que pode até não ser mais novidade, mas com certeza deveria estar na lista de nós, brasileiros. Quando colocamos uma lente sobre ‘Sense8’ é perceptível uma relação de carinho entre os fãs e a equipe da produção que deve causar inveja entre os outros roteiristas.
A situação não é inédita, esse fascínio já aconteceu com ‘Friends’ (1994-2004) e ‘Lost’ (2004-2010). Não pretendo, aqui, comparar as três séries, totalmente distintas entre elas. Mas experimentem falar mal dessas produções para seus respectivos admiradores e sintam a ira de seus amantes.
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Em ‘Sense8’, tendo uma breve vida de duas temporadas, esse amor velado fica óbvio por parte dos brasileiros, basta analisar a diversidade do país e o foco narrativo da série sci-fi. Em um país onde o total de mortes violentas é maior do que o da guerra na Síria, é de se esperar que o público se sinta abraçado com personagens e cenas inclusivas, como o processo de se entender como gay, lésbica, bissexual e transexual.
O especial que finaliza a série, intitulado “Amor Vincit Omnia” (“o amor vence tudo”, em latim), tem duas horas e meia de duração e entrou para o catálogo da Netflix nesta sexta-feira (8). Para quem nunca assistiu, a história é complexa, mas começa com a união mental de oito personagens que vivem em países diferentes. Eles precisam partilhar experiências e habilidades para se protegerem de uma organização que deseja acabar com as pessoas – homo sensorium – que possuem essa característica de compartilhamento.
É com saudosismo que Lito Rodriguez (Miguel Ángel Silvestre), Capheus Onyango (Toby Onwumere), Sun Bak (Doona Bae), Kala Dandekar (Tina Desai), Wolfgang Bogdanow (Max Riemelt), Riley Blue (Tuppence Middleton), Nomi Marks (Jamie Clayton) e Will Gorski (Brian J. Smith) se despedem dos fãs. O protagonismo que as criadoras Lilly e Lana Wachowski inseriram nessa trama joga luz para causas que passaram séculos no sofrimento e se torna mais uma arma na luta contra o preconceito.
Nesse contexto, é interessante pensar no termo ‘minoria’. Embora o significado seja de uma parte menos numerosa que outra, é preciso questionar o ponto de vista. Na política, certamente, há minoria. Mulheres e LGBTs – mesmo estando em crescimento – são, sim, uma parte menor nesse âmbito.
Mas se pegarmos a quantidade de mulheres, negros e LGBTs no mundo em questão de quantidade, a situação muda de figura. É nesse ponto onde entra a importância de ter produções mostrando que o tipo de relacionamento que é alvo de repúdio, dito como 'anormal', na verdade, é bem comum.
Me recordo de um relato que me contaram onde uma moça chamou o namorado para assistir ‘Sense8’ e na primeira cena de dois homens se beijando, o companheiro dela começou a encenar uma vontade de vomitar. Fica claro a necessidade de mais séries com mulheres no poder, LGBTs e negros em cargos importantes, para fazer com que as histórias se pareçam mais com o mundo que existe hoje e que as ditas ‘minorias’ deixem de serem taxadas como ‘anormais’. Então, peçam para o mozão ou o crush de vocês sentarem no sofá e passem um tempo ensinando que absurdo é não haver amor, combinado?
Fernando começou a assistir a séries de TV e streaming em 2009 e nunca mais parou. Atualmente ele acompanha mais de 180 produções e já assistiu mais de 5,3 mil episódios, uma média de 23 por semana. A série mais assistida - a favorita - é "Grey's Anatomy", à qual ele reassiste com qualquer pessoa que esteja disposta a começar uma maratona. Facebook: Uma série de Coisas. Instagram: @umaseriedecoisas. A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.