'Moradores Indesejados': o horror está na sua casa e não quer sair

Minissérie documental de crimes reais está disponível na Netflix

Documentário da Netflix aborda terror e assassinato em casas americanas - Divulgação/Netflix

Uma boa opção para quem gosta de assistir true crime chegou por esses dias ao catálogo da Netflix. 'Moradores Indesejados' é uma minissérie documental de cinco episódios que apresenta quatro histórias distintas. Embora cada caso seja contado individualmente, o diferencial da produção é que as histórias partem de um ponto em comum: todos os crimes foram consequência de vítimas que acabaram dividindo casa ou apartamento com seus agressores

Apesar de ter começado entre as décadas de 1970 e 1980, essa tendência de jovens dividindo casa teve seu auge nos anos 1990, não foi à toa que "Friends" estreou em 1994 trazendo seis amigos morando juntos. Hoje, o fato acontece com mais naturalidade ao redor do mundo, seja por questões financeiras ou pela facilidade dos estudantes ficarem perto das universidades. Mas, diferente do sitcom, nem tudo é piada e certas convivências parecem ter saído de um filme de terror.

Para quem não tem medo do sobrenatural, mas teme pelas histórias reais de serial killer, a edição de "Moradores Indesejados" sabe construir bem esse clima de ameaça. Os casos em si trazem esse ambiente perigoso, já que a intimidação acontece dentro da casa das vítimas, lugar que deveria ser acolhedor e seguro. Além disso, a criatividade na reconstituição dos fatos através de animações traz uma exatidão que não soa artificial.

Golpes e violência

Os golpistas e suas artimanhas para seduzir e enganar as pessoas estão ficando tão comuns que já viraram até série. Baseado em fatos ou não, muitas histórias podem ter desfechos graves. Dois episódios de “Moradores Indesejados” mostram como tudo pode ir de roubo para assassinato.

O piloto do documentário conta a história de Dorothea Puente, uma idosa que administra uma pensão para pessoas que estão em situação de vulnerabilidade. Muitos também são idosos ou possuem alguma doença, como é narrado. Ela costumava ficar com o dinheiro que seus inquilinos tinham, dizendo que era para comida e outras necessidades, até que, um por um, os moradores da pensão desapareceram sem deixar rastros. É interessante observar como a expressão de Dorothea alterna de “velhinha bondosa” para “vovó macabra”.

Outro caso envolvendo dinheiro é o do atleta Youssef Khater. Considerado bonito por todas as mulheres - e vítimas - que conviveram com ele, Khater cometeu fraudes em diversos países e fazia disso sua renda. Essa história reverbera no Brasil, quando ele viaja para participar de uma maratona como desculpa para aplicar outros golpes. No entanto, ao menor sinal de que uma pessoa pudesse desmascará-lo, tentativa de homicídio entra no seu extenso currículo de crimes. 

Serial squatter

Mais dois casos chamam atenção por também resultar em morte. Desta vez conhecemos um termo pouco conhecido por aqui: serial squatter

Assim como “serial killer” pode ser designado aos criminosos que matam de maneira seriada, ou seja, fazendo uma vítima após a outra, “serial squatter” pode ser traduzido para “invasor em série”.

Tudo começa quando alguém procura dividir casa ou apartamento com outra pessoa, geralmente um estranho. Quando o desconhecido sinaliza interesse e faz a mudança, alertas começam a surgir. No caso de K.C Joy, por exemplo, ele deixa de pagar o aluguel aos poucos, sempre inventando desculpas e nutrindo certa obsessão pela sua colega de casa, Maribel Ramos

Já no episódio de Jaminson Bachman, ele não só deixa de pagar como demonstra irritação quando se toca no assunto. Ambos determinam que não vão sair da casa, verbalizam essa intenção e tomam posturas ameaçadoras. As donas da propriedade passam a viver dias de terror, com um estranho tomando posse de cada centímetro do lugar. 

Automaticamente pensamos “Ah, mas eu faria ele sair de um jeito ou de outro”. Se você mora nos Estados Unidos e quer seguir as leis, não é bem assim que acontece. Por lá, a expulsão não pode acontecer de um dia para o outro, trocar as fechaduras também não é aconselhável, correndo o risco da proprietária ir presa. 

A ocupação indevida precisa ser registrada na polícia, podendo levar até três meses entre o ato e o despejo oficial. Dentro desses três meses, as vítimas convivem com esses estranhos, são amedrontadas e vivem um inferno. O final não costuma ser feliz para todas. 

“Morador Indesejável” mostra mais um sistema falho dos Estados Unidos e apresenta casos macabros e tristes. É, ainda, uma boa opção para os amantes de true crime, um gênero com uma carta infinita de documentários e produções reais.

*Fernando Martins é jornalista, escritor e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas

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