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Netflix lança história do palhaço que matou 33 adolescentes em 1970

John Wayne Gacy enterrou suas vítimas em casa antes de ser preso em 1980

John Wayne Gacy ficou conhecido como Palhaço Assassino pelos seus crimes - Divulgação/Netflix

Entre 1972 e 1978, John Wayne Gacy torturou, estuprou e matou 33 jovens rapazes em Illinois, Chicago. Na época, o crime aterrorizou a cidade, deixando Gacy mundialmente conhecido como “Palhaço Assassino”. A história é contada no documentário “Conversando com um Serial Killer: O Palhaço Assassino”, lançado pela Netflix na última quarta-feira (20). Anteriormente, o caso também foi narrado no livro “Killer Clown Profile: Retrato de um Assassino”, da editora DarkSide Books. 

Apesar da fama de Palhaço Assassino, essa característica não está inclusa nos crimes praticados por Wayne. Acontece que o criminoso se vestiu de palhaço algumas vezes para eventos de arrecadação para caridade e festas infantis, mas nunca matou fantasiado. Ele também tinha retratos de palhaços espalhados por sua casa. Vendedor, atendente de necrotério e administrador de três restaurantes KFC, em Waterloo, são alguns dos trabalhos que John já teve.

Como a maioria dos assassinos em série, ele também ocupou cargos importantes na cidade, já foi casado, teve namorada e era bem visto por parte da população do bairro. A escrita de Terry Sullivan e Peter T. Maiken, no livro, é detalhada. Especialmente quando narra o trauma de um dos sobreviventes, torturado por horas pelo palhaço. Já no documentário, a violência sádica de Gacy é exposta durante os três episódios, mas sem o peso dessa vítima em específico -  ainda que contenha relato de outras pessoas que passaram pela mesma agressão. 

O crime

Apesar da maioria das vítimas serem adolescentes gays, a sexualidade não era algo imperativo nas escolhas de Gacy. Alguns meninos eram levados para sua casa forçadamente ou depois de John fingir que era policial, obrigando os jovens a entrarem no seu carro. Outros eram garotos de programa. 

Também havia os que entravam em sua casa por serem apresentados por amigos. Depois de alguns drinks e conversas descontraídas, Gacy surpreendia suas vítimas, mobilizando-os com algemas, insinuando brincadeiras sexuais que acabavam em tortura e morte. 

Foram encontrados 26 corpos entre o vão e o assoalho da casa. Outros três estavam espalhados ao longo da propriedade. Mais quatro corpos foram jogados no rio Des Plaines, incluindo o do adolescente Robert Piest, onde a investigação da polícia começa.

Por que a demora?

Muito se fala sobre a demora dos crimes de John Wayne serem percebidos, mas se pararmos para pensar, na década de 1970 não existiam as tecnologias usadas atualmente e os recursos eram escassos. Por isso, muitas histórias de serial killer demoram tanto anos para ter uma conclusão. 

Pela ótica dos sobreviventes, também havia o tabu de se falar sobre relações sexuais entre homens, principalmente quando a conversa aconteceria entre vítima e polícia. Lembrando que Gacy dizia que era policial e que se algo fosse dito, ele mataria o delator. Esse cenário, atrelado aos poucos recursos da época, contribuíram para que John pudesse cometer seus crimes.

Consequências

Apesar de sua defesa ser pautada na insanidade, John Wayne Gacy foi condenado pelos 33 assassinatos cometidos. Ele foi setenciado à morte em março de 1980 por 12 crimes e passou 14 anos no corredor da morte, até ser executado por injeção letal em maio de 1994

A casa onde as 26 vítimas foram encontradas foi demolida. Destas, oito identidades não puderam ser reconhecidas até 2010, quando o caso foi reaberto para a utilização de testes de DNA. Duas pessoas foram identificadas após os testes: William George Bundy, de 19 anos, identificado em 2010, e Jimmy Haakenson, identificado em 2017. 

A última vítima de Gacy a ter sua identidade revelada foi em 2021. Wayne Alexander estava na faixa dos 20 anos quando foi pego por John Wayne. 

Obras inspiradas no caso

No cinema, a personalidade do macabro Palhaço Assassino foi transformada em monstros e vilões clássicos, como nos longas “IT: Uma Obra Prima do Medo” (1990) e “Coringa” (2019).

Na TV, a série “American Horror Story” (2011-presente) trouxe na sua quarta temporada (Freak Show) o personagem Twisty, um palhaço violento interpretado por John Carroll Lynch

*Fernando Martins é jornalista, escritor e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.
 

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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