Nova cobrança e remoção de conteúdos originais: veja o que muda nos streamings em maio

Netflix, Disney+ e Star+ anunciaram mudanças significativas em suas plataformas

Plataformas tentam novas formas de aumentar receita e driblar a crise dos streamings - Reprodução

A evolução do audiovisual ao longo dos anos tem sido notável, impulsionada por avanços tecnológicos e mudanças na forma como consumimos conteúdo. Desde os primórdios do cinema em preto e branco até as produções modernas em 3D e realidade virtual, o audiovisual passou por diversas transformações.

Com a chegada da internet, houve uma mudança radical no setor: a popularização do streaming de vídeo, como o YouTube e Netflix. As pessoas passaram a ter acesso a um vasto conteúdo online, podendo assistir a vídeos sob demanda em qualquer dispositivo com conexão à Internet. 

Breve contexto

Como tudo que é novo, não demorou para que outras plataformas fossem lançadas, resultando no aumento da concorrência e na saturação do mercado de serviços de streaming. Com a chegada da Amazon Prime Video, Disney+ e HBO Max, por exemplo, houve uma fragmentação do conteúdo, levando à necessidade de assinar múltiplos serviços para acessar uma variedade completa de programas e filmes.

Essa fragmentação tem levado a um aumento de custos tanto na criação das produções, que precisam pensar em formas atrativas de se contar história, até os consumidores, que agora precisam desembolsar mais dinheiro para ter acesso a todos os conteúdos desejados. Além disso, a quantidade excessiva de opções pode ser confusa e frustrante para o público, que têm dificuldade em decidir em quais serviços investir.

Para enfrentar essa crise, algumas estratégias têm sido adotadas pelas plataformas de streaming, algumas delas fazem sentido, como a produção de conteúdo exclusivo e original para atrair e reter assinantes, a formação de parcerias e acordos de licenciamento com outros serviços e a busca por diferenciação por meio de recursos adicionais, como transmissões ao vivo, interatividade e games.

Outras, no entanto, apesar de fazer sentido para quem está do outro lado da corda - cito aqui as próprias plataformas, que agora precisam se reinventar para aumentar suas receitas -, acabam afetando produtores (atualmente há uma greve dos roteiristas em curso, organizada pela Writers Guild of America) e nós, consumidores, de maneira negativa. 

Nova cobrança no compartilhamento de senhas

Recentemente, a Netflix lançou uma nova estratégia para driblar a crise e aumentar sua receita. A prática de compartilhar senhas entre amigos e familiares tem sido comum e amplamente tolerada pela plataforma. No entanto, a partir da última terça-feira (23), o streaming adotou medidas para limitar ou cobrar por esse compartilhamento.

O titular da conta só pode compartilhar sua senha com pessoas que moram na mesma residência e usam a mesma Wi-Fi. Isso é definido por uma nova funcionalidade dentro da plataforma, que reúne todos os aparelhos que usam a conexão de internet

Para amigos ou familiares que não moram na mesma residência do titular, o acesso só será possível se o titular fizer uso do plano padrão ou premium, gerando uma taxa mensal de R$ 12,90. O “assinante extra” terá seu próprio perfil, conta e senha, ou seja, tudo separado da "residência Netflix", sem perder o histórico.

Essa mudança gerou debates sobre a viabilidade e a justiça dessa nova política. Alguns argumentam que o compartilhamento de senhas é uma forma de acesso mais acessível a um serviço de streaming. Além disso, muitos assinantes já consideram o compartilhamento como um benefício agregado ao serviço e esperam que continue sendo permitido sem custos adicionais. 

Contudo, o Procon-SP anunciou, na última quarta-feira (24), que notificou a Netflix pela nova política da empresa, após receber reclamações dos consumidores. O órgão pretende analisar possíveis infrações ao Código de Defesa do Consumidor:

Somente com a comprovação das mudanças e a formalização das reclamações será possível avaliar se a nova forma de cobrança pelo acesso ou a tecnologia utilizada para controle têm amparo legal no Código de Defesa do Consumidor, diz o comunicado.

Até a data de publicação desta coluna, as implementações da Netflix seguem valendo desde terça (23) e avisos da mudança já foram enviados pela plataforma aos seus consumidores, pedindo que todos definam qual a rede de internet principal para a “residência Netflix”

Remoção de conteúdos originais

Dois outros serviços de streamings também tiveram dados preocupantes e decidiram agir diante dos números. De acordo com o Deadline, no primeiro trimestre de 2023, a Disney+ perdeu quatro milhões de assinantes. O CEO da plataforma, Bob Iger, diz que pretende economizar cerca de três bilhões ainda neste ano e que uma das formas de fazer isso é com a remoção de conteúdos originais do catálogo.

Cada filme e cada série gera gastos (imposto é um deles) para a plataforma, por isso, a estratégia adotada é a de retirar produções que são menos assistidas. A partir desta sexta-feira (26), mais de 50 títulos serão excluídos, somando produções do catálogo da Disney+ e da Star+ - esta também será afetada já que faz parte do mesmo grupo empresarial.  

Dentro das possibilidades de ajustes na estratégia dos streamings está a inclusão do conteúdo da Hulu na plataforma principal e um possível aumento de preço das mensalidades. Contudo, nenhum desses planos estratégicos tem data para implementação no Brasil

Veja as produções que sairão da Disney+ e Star+: 

Big Shot: Treinador de Elite (Disney+)
Turner e Hooch (Disney+)
A Misteriosa Sociedade Benedict (Disney+)
Virando o Jogo dos Campeões (Disney+)
Willow (Disney+)
The Making Of Willow (Disney+)
Diário de uma Futura Presidente (Disney+)
Just Beyond (Disney+)
O Mundo Segundo Jeff Goldblum (Disney+)
Projeto Os Heróis da Marvel (Disney+)
Poder M (Disney+)
Vozes em Ascensão: A Música de Wakanda Para Sempre (Disney+)
Y: The Last Man (Star+)
Pistol (Star+)
Jovem Diaba (Star+)
Maggie: A Vidente (Star+)
Dollface (Star+)
The Hot Zone (Star+)
The Premise (Star+)
Love in the Time of Corona (Star+)
Tá tudo uma m&rd@! (Ainda não estava disponível no Brasil)
O Melhor da Neve (Disney+)
A Batalha das Pizzas (Star+)
Darby: A Jovem Sensitiva (Star+)
The Quest: A Missão (Disney+)
Rosalina (Star+)
Doze é Demais remake (Disney+)
O Grande Ivan (Disney+)
A Extraordinária Garota Chamada Estrela (Disney+)
Artemis Fowl: O Mundo Secreto (Disney+)
A Princesa (Star+)
Bis! (Disney+)
Spark Story: Tudo Começa com uma Ideia (Disney+)
Beleza Negra: Uma Amizade Verdadeira (Disney+)
Clouds (Disney+)
As Maravilhas dos Estados Unidos (Disney+)
Apresentando, Nate (Disney+)
Acredite, é Verdade! (Disney+)
Timmy Fiasco (Disney+)
Seja Nosso Chef (Disney+)
Magic Camp (Disney+)
Howard: Sons de um Gênio (Disney+)
Da Terra Para o Ned (Disney+)
Comidas Inimagináveis (Disney+)
Dublê de Risco (Disney+)
Casamentos de Conto de Fadas (Disney+)
Wolfgang - O Chef Celebridade (Disney+)
Super Cães - Apresentado por Bill Farmer (Disney+)
Projeto Mercury: Os Sete Escolhidos (Disney+)
O Grande Mentiroso (Disney+)
Destinos Inesperados (Disney+)
Mais que Robôs (Disney+)
Jovens Construtores (Disney+)
Escola de Cão Guia (Disney+)
A Melhor Ideia (Disney+)
Rumo às Estrelas (Disney+)
Harmonious: Ao Vivo (Disney+)
Pentatonix: Volta Ao Mundo (Disney+)

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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