Nova temporada de “Bom Dia, Verônica” tem vilão semelhante a João de Deus

Reynaldo Gianecchini entra para o elenco na pele de um líder religioso que abusa de mulheres

Reynaldo Gianecchini, Tainá Müller e Klara Castanho em "Bom Dia, Verônica" - Reprodução

Do livro de Ilana Casoy e Raphael Montes (também responsáveis pela adaptação para o streaming), nasceu a série brasileira “Bom Dia, Verônica”, que agradou ao ponto de ser renovada para a segunda temporada. Durante a primeira temporada, a escrivã Verônica Torres (Tainá Müller) investiga dois casos distintos, o suicídio de uma mulher dentro da delegacia em que trabalha e a ligação de uma anônima que tenta acusar o marido – um serial killer perigoso – dos crimes que ele comete. 

As consequências desses casos leva a protagonista a esmiuçar a própria polícia, descobrindo uma rede de crimes muito maior e complexa por parte dos oficiais. Esse arco, que não chega a ser escrito no livro, consegue instigar o suficiente para que o público queira mais. Livro e série estão em pé de igualdade: ambos são escritos com temas sensíveis, cheio de suspense e surpresas.

Segunda temporada

Com seis episódios disponíveis na Netflix, a segunda temporada traz Verônica entrando fundo na conspiração entre polícia e criminosos. Rapidamente, somos apresentados ao novo vilão. Matias (Reynaldo Gianecchini) é um líder religioso que promove a cura dos males da vida através de seu “dom”. Na verdade, ele usa da fé e da confiança das pessoas mais frágeis para abusar sexualmente delas. Enquanto investiga, Verônica precisa sair do radar da polícia, que na trama é como mais um vilão. 

Os personagens Prata (Adriano Garib) e Nelson (Sílvio Guindane), colegas da escrivã, são os únicos que sabem que ela está viva e são peças importantes na investigação. Misturando thriller, terror e suspense policial, todos correm perigo e mortes chocantes fazem do enredo imprevisível uma ótima série de mistério. Gianecchini causa a repulsa que o vilão exige, é muito fácil relembrar o caso João de Deus, que usava do espiritismo para abusar e matar mulheres, mas vale lembrar que este não é o único exemplo – no Brasil e no mundo – de pessoas que pregam uma determinada religião ou estilo de vida como desculpa para praticar crimes. 

Enredo equilibrado

“Bom Dia, Verônica” foi cuidadosa para não especificar a religião pela qual Matias age, focando no modus operandi do vilão e em como ele manipula e usa seu poder de persuasão para atrair pessoas. Ainda, a violência gráfica contida na primeira temporada aparece mais branda na segunda, mas ainda está lá. Temas como estupro, pedofilia e agressão doméstica continuam sendo a base, mas sem repetir o que já vimos. A série se renova e se mantém atual e atrativa.

Com um bom equilíbrio entre as cenas de ação, drama e suspense, “Bom Dia, Verônica” 2 continua trazendo grandes talentos, como Camila Márdila e Klara Castanho, em narrativa que te segura até as reviravoltas. Assista ao trailer:

*Fernando Martins é jornalista, escritor e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas

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