‘O Bosque’ tem roteiro instigante, mas não foge do clichê
Que o suspense está entre os gêneros televisivos que mais deixam o público tenso e curioso, não é novidade. Muitas histórias são criadas, recriadas e incansavelmente adaptadas até caírem no lugar-comum, uma fórmula repetida várias vezes. Mas ainda por ser clichê, uma narrativa não precisa ser ruim. Um roteiro bem trabalhado pode utilizar o usual para surpreender os telespectadores com um plot twist (reviravolta na história) que convence. Infelizmente, isso não acontece em ‘O Bosque’, assinado pela escritora Delinda Jacobs.
A série tem um começo familiar para quem acompanha muitas produções policiais e de mistério: uma adolescente desaparece no meio de uma pacata vila cercada por uma floresta. O sumiço desencadeia uma investigação e segredos, mentiras e traições acabam aparecendo entre os moradores. Todos são suspeitos em potencial.
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A trama pode ser comparada à série alemã ‘Dark’, também original Netflix, onde duas crianças somem sem deixar rastros. Em ‘Stranger Things’, temos mais uma vez um desaparecimento de um garoto, além de ‘Safe’ e vários outros programas. Mas todas essas histórias fogem do clichê quando inserem a própria essência ao longo dos episódios.
‘O Bosque’ tem identidade ao lançar luz para o tráfico infantil de maneira simples e transparente. A obscuridade é acentuada fielmente pela fotografia cinzenta no decorrer dos seis episódios da temporada. A narrativa instiga e convida quem assiste a desvendar o caso ao mesmo tempo em que abre as portas da família que sofre pelo luto, além da tensão ao apresentar, no início da história, outros crimes nas redondezas.
À medida que a produção acerta na narrativa, erra em oferecer personagens estereotipados que dificultam a empatia e o terror que a série propõe. As soluções que o roteirista usa para encerrar teorias são confortáveis e injustas para arcos que foram bem construídos.
A fusão de climas dramáticos, investigativos e high school são benéficos, somado com a ambientação faz 'O Bosque' ser uma série boa para quem curte o gênero, mas trivial em termos de inovação.
Fernando começou a assistir a séries de TV e streaming em 2009 e nunca mais parou. Atualmente ele acompanha mais de 180 produções e já assistiu mais de 5,3 mil episódios, uma média de 23 por semana. A série mais assistida - a favorita - é "Grey's Anatomy", à qual ele reassiste com qualquer pessoa que esteja disposta a começar uma maratona. Facebook: Uma série de Coisas. Instagram: @umaseriedecoisas.
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