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"O Eleito": uma abordagem contemporânea sobre Jesus Cristo

Série tem uma temporada disponível na Netflix

Menino de 12 anos possui "poderes" similares aos de Jesus Cristo, em série da Netflix - Divulgação/Netflix

A série de televisão "O Eleito", disponível na Netflix desde agosto de 2023, rapidamente cativou o público, seja por meio de uma conexão emocional profunda ou mesmo por ter provocado discussões acaloradas sobre o tema. Adaptada da graphic novel "American Jesus", assinada por Mark Millar e Peter Gross, a trama acompanha a jornada de Jodie, um garoto de 12 anos que reside no México e, após sobreviver a um grave acidente sem sequelas, ele descobre que possui poderes extraordinários, semelhantes aos atribuídos a Jesus Cristo.

"O Eleito" se destaca como uma série televisiva notavelmente controversa, ao apresentar uma versão de Jesus Cristo que se afasta do retrato tradicional presente na Bíblia. Aqui, Jesus é personificado por Jodie, um jovem capaz de curar enfermos, ressuscitar os mortos e realizar milagres, proporcionando uma interpretação mais jovem, contemporânea e acessível do conhecido "Salvador".

Essa produção da Netflix, que combina elementos de drama, fantasia e religião, não se enquadra na típica narrativa bíblica, mas sim oferece uma releitura moderna de Jesus Cristo. A série aborda temas relevantes da sociedade contemporânea, incluindo intolerância religiosa, o poder dos meios de comunicação e a busca por significado na vida.

Dentro dessa narrativa envolvente, "O Eleito" traz à tona, de maneira sutil, por vezes provocativa, questões consideradas "controvertidas" pela igreja, como fé, religião e política, explorando-as de maneira franca e desafiadora. Jodie se torna uma figura global, com suas ações sendo utilizadas para promover diversas agendas políticas e religiosas.

Embora uma parcela mais conservadora da igreja tenha criticado a série por considerá-la "desrespeitosa à imagem de Jesus Cristo", chegando a emitir uma carta de repúdio à produção, outra parte se posicionou a favor de "O Eleito". Eles reconhecem que a série pode introduzir a história de Jesus a um público mais amplo, estimulando uma nova reflexão sobre a fé de maneira atual, mas não menos desafiadora.

No que diz respeito à performance, Bobby Luhnow brilha no papel de Jodie, trazendo humanidade e profundidade ao personagem. Ele dá vida a um jovem carismático, inocente, mas corajoso, que está em busca de compreender seus poderes e seu propósito no mundo. E, através das suas revelações, ele e seus amigos embarcam numa jornada de amadurecimento sobrenatural, capaz de transformar a realidade ordinária em que vivem.

A direção de Everardo Gout é notavelmente elegante e atmosférica, mantendo os espectadores envolvidos com episódios bem elaborados e uma edição cuidadosa. A série também se destaca visualmente.

"O Eleito" permanece fiel à graphic novel original de forma brilhante, com Millar e Gross atuando como produtores executivos para garantir a fidelidade à história original, enquanto adiciona alguns elementos novos.

Para os fãs de enredos misteriosos, "O Eleito" pode parecer um pouco lenta no início, pois a primeira metade da temporada se concentra na construção de personagens e do mundo da série. No entanto, a narrativa não deixa de ser envolvente. 

Com apenas seis episódios em sua primeira temporada, a promessa de renovação para uma segunda temporada em 2024 oferece a perspectiva de debates e reflexões continuadas. É importante assistir à série com uma visão crítica, pois ela levanta questões profundas e instigantes sobre a figura de Jesus Cristo no contexto atual.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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