"Os Outros" traz escalada de violência entre vizinhos com grande atuação de Adriana Esteves
Série da Globoplay disponibiliza dois episódios por semana até o início de julho
A convivência entre vizinhos pode ser bastante complicada, especialmente quando há brigas e conflitos. Muitas vezes, essas brigas podem se tornar casos de polícia e causar transtornos para todos os envolvidos, além de acarretar prejuízos financeiros. Uma das principais causas desses conflitos é a falta de diálogo entre os vizinhos. É nesse contexto que a telessérie “Os Outros”, da Globoplay, ambienta sua narrativa.
Dos mesmos criadores da premiada “Sob Pressão”, a trama se passa em um condomínio de luxo no Rio de Janeiro, onde os moradores convivem em um ambiente aparentemente harmonioso, mas nem tanto. Após uma briga entre adolescentes, seus pais entram em uma escalada de discussões que se agravam a cada episódio.
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Um espelho da sociedade
Dentro e fora da tela, vemos exemplos do que pode acontecer quando o diálogo não é exercitado e as informações dos fatos são mal apuradas. Em Pernambuco, temos o clássico boato da barragem de Tapacurá que havia se rompido, gerando grande pânico na população, quando, na verdade, nada tinha acontecido. Outro triste caso aconteceu na década de 1990, quando proprietários da Escola Base foram acusados de abuso infantil e tiveram suas vidas destruídas. Também, as acusações se provaram equivocadas.
Na série “Treta”, da Netflix, uma pequena briga entre duas pessoas escala rapidamente para trotes, violência e até assassinato. Em todos esses casos, parece que os envolvidos acabam tendo uma vontade ávida de externar sua opinião, mesmo que ela seja infundada.
A informação truncada ou a opinião equivocada serve como motor para discussões e brigas no Brasil e no mundo. Mediação e conciliação poderiam ser uma alternativa para resolver conflitos de forma pacífica e amigável, mas não haveria histórias como “Os Outros” se conseguíssemos lidar com os conflitos na mais perfeita calma.
Adriana Esteves brilha
Estrelada por Adriana Esteves, Drica Moraes, Milhem Cortaz, Thomas Aquino e grande elenco, “Os Outros” vem lançando dois episódios por semana, toda quarta e sexta-feira. O último episódio chega em 7 de julho, na Globoplay.
Com texto de Lucas Paraizo e direção de Luísa Lima - ambos bem desenvolvidos -, a personagem de Esteves é a que tem maior carga dramática e, por isso, abre espaço para que a atriz se destaque. E ela sabe como aproveitar uma oportunidade.
Na história, ela é uma mãe que encontra o filho espancado na quadra esportiva do condomínio e parece ser a única que lida com a situação com certa gravidade. Seu filho adolescente não quer conversar, já o marido quer deixar para lá, esquecer. Tudo se agrava quando o agressor e seu pai resolvem “se desculpar” com os vizinhos, mas acaba piorando ainda mais a situação.
Partimos daí, em uma avalanche de más decisões e impulsividade que geram cada vez mais violência. Adriana Esteves alterna com maestria entre o drama, suspense e terror. Acompanhá-la é um dos pontos altos de “Os Outros”. Drica Moraes, como a síndica do condomínio, e Milhem Cortaz, como o pai do agressor, também chamam atenção.
Tento prever que grande parte do público escolha o lado de Cibele (Esteves) enquanto assiste, mas se pararmos para pensar racionalmente, a série não determina o bem e o mal, o certo e o errado. A própria apresentação do título, que forma a palavra “SOU” antes de destacar “Os Outros”, pretende trazer essa provocação: por pouquíssimo, temos uma briga diante de nós (quando não participamos dela), e, por menos ainda, agimos sobre o conflito de maneira impulsiva - seja com opiniões ou de maneira passiva.
“Os Outros” tem grandes atuações, enredo bem estruturado e personagens complexos. A trama traz reflexão sobre nosso papel no convívio em sociedade, se você não conhece um vizinho problemático ou alguém que tenha, esse vizinho pode ser você.
*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.
*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.
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