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“Perry Mason” retorna com segunda temporada e diretor brasileiro

Série estreou em 2020 com Matthew Rhys no papel do popular advogado

Matthew Rhys retorna como Perry Mason na segunda temporada da série - Reprodução

Quem nunca ouviu falar no advogado Perry Mason pode achar que a série lançada em 2020 que leva o nome dele seja uma história inédita. Na verdade, a produção é uma releitura das aventuras do protagonista criadas, na época, por Erle Stanley Gardner (1889-1970) numa sequência de mais de 80 livros, chegando a estrear na TV de 1957 a 1969. Recentemente, vimos o ator Matthew Rhys (The Americans) interpretar o protagonista em uma versão atualizada e bem feita – que acaba de retornar para a segunda temporada. 

Mudança no tom

Disponível na HBO Max, a versão mais recente trouxe, na primeira temporada, um prelúdio do personagem nunca retratado antes. Na trama inicial, vemos um Perry Mason iniciante, lidando com casos mais como investigador particular do que, de fato, um advogado. Durante um caso complexo e visceral (o crime contra um bebê), Mason transita entre a defesa e a investigação, mas o caso deixa traumas. No primeiro episódio da segunda temporada – episódios semanais toda segunda-feira na plataforma –, o advogado decide sair da área criminal e ir para a civil. 

“Perry Mason”, ambientada nos anos 1930, mantém o mesmo tom obscuro na fotografia, mas não nos temas. A violência que impressionou na primeira temporada, impulsionada pelo crime contra um bebê, na segunda temporada está presente de maneira mais contida. Essa escolha, no entanto, não deve ser lida como uma falha. 

A direção dos dois primeiros episódios, inclusive, deve contribuir para um começo com tensão suficiente para manter a identidade do programa, visto que o diretor brasileiro Fernando Coimbra, que trabalha nesses episódios iniciais, também assinou quatro episódios de "Narcos" (Netflix) e um de "Outcast" (Fox), séries que, em níveis diferentes, constroem bem aquela tensão desconfortável. 

Novo enredo

Durante as primeiras cenas da primeira temporada, vemos uma sabotagem em um barco turístico lotado de pessoas. O incêndio destrói tudo e o número de vítimas e sobreviventes é incerto, embora tenhamos a certeza de que o estrago foi grande. Logo, revela-se que o mandante do crime é o descendente de uma família rica ligada ao petróleo. 

Em paralelo, Perry Mason continua vencendo casos menores na área civil, longe do peso do setor criminal. Apesar da mudança, ele está longe de conquistar a plenitude pelo trabalho. Mason continua insatisfeito, principalmente após vencer um caso de plágio onde seu adversário, que não tinha dinheiro suficiente para pagar a multa, acabou perdendo seu negócio e ficando sem renda para a família. 

Nessa reflexão do personagem, um diálogo entre o advogado e um promotor traduz a alma da série e traz um dilema que reverbera nas duas temporadas: “Não há uma justiça real, apenas uma ilusão de justiça, a fantasia que faz as pessoas acreditarem que a verdade sempre prevalece. Os malvados são presos e os bonzinhos os prendem”. 

De volta ao crime inicial, quando o herdeiro aparece morto e jovens mexicanos são acusados como principais suspeitos, Perry Mason terá mais uma oportunidade de exercitar esse maniqueísmo. 

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.
*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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