Richard Gadd e Jessica Gunning elevam o drama em “Bebê Rena” da Netflix

Como criador, Gadd roteirizou seu próprio trauma para a minissérie

Richard Gadd e Jessica Gunning entregam ótimas atuações em "Bebê Rena" - Divulgação/Netflix

Ao explorar eventos da vida real, a minissérie "Bebê Rena" se tornou, rapidamente, a nova produção popularizada da Netflix. O drama acompanha a jornada emocionalmente complexa do comediante Donny Dunn (Richard Gadd) e sua relação sufocante com Martha (Jessica Gunning), uma mulher em meio a suas próprias batalhas internas. O enredo é adaptado da peça de Richard Gadd, lançada em 2019 no Edinburgh Festival Fringe.

Uma das características mais marcantes da série é a atuação excepcional de Richard Gadd e Jessica Gunning. Gadd, em particular, demonstra uma vulnerabilidade e autenticidade impressionantes, especialmente considerando que ele não só atua no papel principal, mas também roteiriza e dirige a série, trazendo à tela suas próprias experiências de sofrimento. Gunning também entrega um desempenho cativante, digno de reconhecimento nas principais premiações do ano.

Ao observar a superficialidade com que algumas séries abordam crimes reais, poderíamos pensar que "Bebê Rena" é apenas mais uma. No entanto, a minissérie de sete episódios se destaca. À medida que a trama avança, a diferença entre ela e as outras produções do gênero se torna ainda mais evidente. Ainda que o foco principal recaia sobre a obsessão perturbadora de Martha por Donny, o roteiro também explora os momentos em que o protagonista parece ser atraído por essa dinâmica.

Além disso, "Bebê Rena" aborda questões sensíveis e profundas, incluindo saúde mental, relacionamentos abusivos, assédio sexual e o impacto do trauma na vida de uma pessoa. A série não tem medo de explorar os cantos mais sombrios da psique humana, oferecendo uma reflexão provocativa sobre a natureza da obsessão.

O mundo do entretenimento frequentemente se choca com o mundo real quando as representações artísticas colidem com as experiências pessoais das pessoas envolvidas. O fenômeno de produções baseadas em fatos reais enfrentarem críticas e processos legais não é novo. A série "Dahmer – Monster: The Jeffrey Dahmer Story", também da Netflix, é um exemplo vívido disso, com familiares e amigos das vítimas do assassino em série expressando sua indignação com a representação de seus entes queridos na tela.

Com a estreia de "Bebê Rena" na Netflix, a série inevitavelmente enfrentará críticas daqueles cujas vidas estão sendo retratadas. No entanto, é importante lembrar que a arte muitas vezes busca desafiar nossas percepções e provocar reflexões sobre questões importantes. A minissérie é uma obra que busca capturar a essência da vida real, mesmo que isso signifique navegar por territórios controversos e desafiadores. 

Com boas atuações e uma narrativa emocionalmente envolvente, “Bebê Rena” continua a tradição de contar histórias que nos obrigam a confrontar nossos próprios preconceitos e compreender a complexidade do mundo ao nosso redor. Veja o trailer:

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.
*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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