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Série "Como Água para Chocolate" é um banquete visual e emocional que encanta em todos os sentidos

Adaptação resgata o clássico de Laura Esquivel em seis ótimos episódios

Atriz Azul Guaita interpreta Tita, no clássico literário adaptado para a televisão - Divulgação/Max

A série "Como Água para Chocolate", distribuída pela Max, vem colecionando elogios pelo público e pela crítica. O programa é mexicano e apresenta uma experiência sensorial que deixa de lado a narrativa tradicional para trazer em destaque um tom mais novelesco, o que funciona muito bem. Baseada no romance homônimo de Laura Esquivel, a produção renova o encanto do clássico literário, mostrando que o amor e a dor podem ser sentidos na ponta da língua.

A primeira temporada tem seis episódios disponíveis na Max e a segunda temporada já foi confirmada pela plataforma.

Com episódios nomeados a partir de receitas, a gastronomia é o coração da série – além do romance, é claro –. Tita (Azul Guaita), a protagonista, não apenas cozinha: ela canaliza suas emoções em cada prato, transformando ingredientes simples em veículos de amor, saudade e, por vezes, sofrimento. A direção e a fotografia capturam a alquimia da culinária com uma precisão propositalmente poética, imergindo o espectador em cenas de cozinha que mais se assemelham a quadros em movimento

O vapor das panelas, os cortes minuciosos e as texturas vibrantes são tratados como personagens à parte, essenciais na construção de uma atmosfera que mistura realismo mágico e drama épico, igualmente como no filme “O Sabor da Vida”, por exemplo (leia a crítica aqui). 

O romance proibido, ambientado durante a Revolução Mexicana, que começou em 1910, acontece entre Tita (Azul Guaita) e Pedro (Andrés Baida) e ancora a narrativa, evocando o sofrimento prolongado imposto pela rígida autoridade da mãe da moça, Elena (Irene Azuela)

Esse toque de drama novelístico, que remete ao estilo de "Bridgerton", sobretudo dentro da dinâmica da matriarca que arranja casamento para as filhas, é complementado por tons de época e um profundo respeito à cultura mexicana. As cenas de banquetes e a atenção aos detalhes na representação da comida elevam a experiência, tornando cada prato uma metáfora dos altos e baixos emocionais dos personagens.

Ainda que "Como Água para Chocolate" beba da tradição do filme de 1992 e do próprio texto original, a série se estabelece com identidade própria, resgatando a essência do romance enquanto explora nuances visuais e narrativas mais contemporâneas. Renovada para uma segunda temporada, promete aprofundar ainda mais a trama e explorar novas receitas que continuarão a temperar o enredo com sabor e emoção.

Essa adaptação é, além de um romance de época com temperos novelescos, uma celebração da cultura, da paixão e do poder transformador da cozinha como linguagem universal de sentimentos.

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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