Série ‘Spin Out’ apresenta bipolaridade em atletas de patinação artística
O mês de janeiro reservou vários lançamentos interessantes na programação das séries de TV. Logo de cara, no primeiro dia do ano, o drama “Spin Out” entrou no catálogo da Netflix, estrelando a atriz anglo-brasileira Kaya Scodelario (Skins) no papel principal. A primeira temporada possui 10 episódios de aproximadamente 50 minutos, apresentando o universo competitivo da patinação artística.
A série conta a história de Kat Baker (Scodelario), uma patinadora de gelo que sai de uma competição importante após sofrer um acidente. Acostumada com performances solo, a única maneira de a garota conseguir uma vaga nas Regionais é optando em se apresentar na categoria de dupla com um parceiro. Fora do esporte, Baker ainda precisa lidar com o temperamento de sua irmã caçula – também inserida na patinação – e dos altos e baixos de sua mãe, que possui distúrbio bipolar. Ir mais além seria spoiler.
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Existem produções que já desenvolveram histórias sobre o mundo dos atletas e de apresentações artísticas. Dois filmes que fazem isso com louvor e que se fazem lembrar quando acompanhamos “Spin Out” são “Cisne Negro” (2010) e “Eu, Tonya” (2017), este segundo até ganha uma discreta referência em um dos episódios, para os mais atentos. Ainda que o longa estrelado por Natalie Portman seja sobre bailarinas, a semelhança das produções está no tom psicológico e na exigência da perfeição a cima da saúde.
As consequências são graves para muitos, mas perceptiva para poucos. A nova série da Netflix traz um olhar diferente para um tema já recorrente nas telas: a cobrança da família, do público e, principalmente, dos próprios atletas. Mas engana-se quem acha que a carga dramática fica por conta da protagonista. Quase todos os integrantes do elenco escondem algum tipo de trauma ou problema, igualmente trabalhado ao longo dos episódios. Dessa forma, “Spin Out” ganha pontos por expandir a curiosidade para todos os lados do enredo, sem deixar a peteca cair.
Diferente de suas personagens em “Maze Runner” (2014) e “Crawl” (2019), Kaya desempenha um bom trabalho como uma atleta que esconde segredos, mas rostos menos populares brilham igualmente na trama. É o caso, por exemplo, da patinadora Jenn Yu (Amanda Zhou), que esconde uma informação sobre sua saúde para poder continuar na competição, garantindo um dos arcos mais interessantes de acompanhar.
As cenas das apresentações são um show a parte. Não é perceptível visualmente o que seria atores e dublês nas piruetas e saltos no gelo. A bipolaridade também é vista com frequência na série e é válida quando ressalta a importância do tratamento e do diálogo com a família e amigos, mas pode fazer falta a adição de outros sintomas além do único que foi mostrado.
A primeira temporada de “Spin Out” deixa margem para o desenvolvimento de novos desafios e dilemas. Com os personagens e seus problemas já bem trabalhados na primeira parte, a segunda temporada (ainda não confirmada) tem a chance de exigir provocações maiores, tanto na complexidade da competição como nas relações humanas.
Fernando começou a assistir a séries de TV e streaming em 2009 e nunca mais parou. Atualmente ele acompanha mais de 280 produções e já assistiu mais de 7 mil episódios. A série mais assistida - a favorita - é 'Grey's Anatomy', à qual ele reassiste com qualquer pessoa que esteja disposta a começar uma maratona. Facebook: Uma série de Coisas. Instagram: @umaseriedecoisas. Twitter: @seriedecoisas_ YouTube: Uma Série de Coisas. Podcast: Pocbuster. Portal: umaseriedecoisas.com.br.
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