Série “Stella Blómksvit” traz uma versão nórdica de Annalise Keating
Série islandesa de investigação criminal está disponível na Globoplay
Há quase cinco anos, no final de 2017, a série islandesa “Stella Blómksvit” era lançada e seria bastante popular em seu país até ter a segunda temporada confirmada. No entanto, os novos episódios só vieram em setembro de 2021. E por que estou falando disso agora? Porque foi em agosto deste ano que as duas temporadas ficaram disponíveis no Brasil pela Globoplay.
Cada temporada conta com seis episódios divididos em três partes. O enredo também se divide dessa maneira, sendo cada parte uma investigação criminal diferente. Baseado no primeiro livro de uma série de oito romances policiais, a protagonista Stella (Heida Reed), que dá nome à série, é uma advogada que, por muitas vezes, quebra regras para defender seus clientes. Ela também corre atrás de provas do crime, fazendo o papel de investigadora, quase como um Sherlock Homes do sexo feminino.
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Por onde começar?
Por mais que a série se divida em três crimes por temporada, é preferível que o público comece na ordem cronológica, ou seja, do primeiro episódio em diante. Isso porque ainda que ela pareça antológica, algumas informações e fatos são importantes para serem mencionados em sequência e algumas motivações da protagonista são ligadas ao que aconteceu antes, então fica a dica.
A trama começa quando Stella é solicitada para defender um suspeito de assassinato. A situação é tensa, pois o crime aconteceu dentro do gabinete do Primeiro Ministro da Islândia. Por isso, investigar o caso coloca Stella dentro de uma teia política de conspirações que pode ser bem violenta. No primeiro momento, ela acredita que o crime foi encenado e armado para seu cliente, um adolescente traficante de drogas.
Mistério e romance
“Stella Blómksvit” tem tudo que o público de ficção policial gosta. Além do empoderamento feminino no melhor estilo Annalise Keating (How To Get Away With Murder), a série tem muita cena de ação, sustos, plot twists e romance. Stella é bissexual e logo nos primeiros episódios sua relação com uma das ministras do governo, Dagbjört (Sara Dögg Ásgeirsdóttir), pode trazer vantagens para o caso e desvantagens para o romance. A química entre as atrizes é bem feita e não segue padrão de relação romântica.
Nem poderia, tanto a série como sua protagonista foge completamente da estética tradicional de séries nórdicas, como “Deadwind”, “Trapped” e “Areia Movediça”, por exemplo – todas disponíveis na Netflix. Apesar de manter os tons frios tradicionais do país, “Stella Blómksvit” traz uma fotografia contrária ao estilo noir (que, influenciado pelo expressionismo alemão, usa muita luz e sombra nas cenas).
Na série, as cenas são quase sempre compostas pela cor azul e rosa neon, trazendo um minimalismo que faz lembrar uma boate. Isso é intencional, a protagonista adora beber e sua vida conturbada e irresponsável é sempre ligada à iluminação, assim como a flexibilidade da moral.
Elenco
Além de Reed, a série também conta com um elenco promissor, embora desconhecido para o público que está acostumado com séries americanas. Contudo, um rosto talvez esteja mais fresco na mente do telespectador: o do ator Jóhannes Haukur Jóhannesson. Ele participou da sexta temporada de “Game Of Thrones” com o personagem Lem. Também esteve em “The Innocents” e em “Vikings: Valhalla”, este último com maior destaque, interpretando o personagem Olaf Haraldsson.
Não há confirmação de que “Stella Blómksvit” foi finalizada, tampouco renovada. Se a produção quiser seguir a literatura, ainda resta muita história para adaptar. A segunda temporada é competente, mas uma vez que a primeira envolve com a fotografia, os novos episódios elevam os perigos das investigações. De toda forma, a série vale a viagem.
*Fernando Martins é jornalista, escritor e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.
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