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Séries longas demais podem manter uma boa história?

'Supernatural' estreou em 2005 e narra a vida de Sam e Dean solucionando casos estranhos - Divulgação

Qualquer história da TV, cinema, teatro ou literatura, precisa de começo, meio e fim. Essa afirmação pode ser clichê, mas às vezes é necessário falar o óbvio. No mundo do entretenimento, as narrativas de maior sucesso são aquelas que souberam exatamente o momento certo de parar. Mas isso não impede o amor e a fidelidade do público que acompanha séries longas. Acredito que o principal motivo de uma produção durar quando "passa da validade", além do retorno dos lucros, são os telespectadores.

Em abril, as séries ‘Supernatural’ e ‘Grey’s Anatomy’ foram renovadas para a 14ª e 15ª temporada, respectivamente. A primeira mostrou ser o programa de maior fandom (conjunto de fãs) da emissora CW e colecionou boas críticas no lançamento do recente crossover com o desenho Scooby-Doo. A segunda, de acordo com uma pesquisa desenvolvida pela 7Park Data e divulgada pela revista "Variety", é a série mais assistida na Netflix norte-americana e se tornou uma das séries de maior audiência da TV americana. Mas os números de audiência são o bastante para uma boa história?

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A resposta para essa pergunta é relativa. A audiência é um dos fatores que mantêm um programa de TV na programação da emissora, isso é verdade. Mas isso tem relação com o lucro que o show traz para o canal. A qualidade da história, porém, depende do bom senso de roteiristas e diretores sobre até que ponto se pode explorar os meandros da narrativa sem tornar a série repetitiva, deixando o público com o gosto de ‘quero mais’.

Um nome de peso que soube trabalhar muito bem o desenvolvimento de seus personagens foi o produtor Vince Gilligan com a série ‘Breaking Bad’(2008-2013). Cinco temporadas foi o suficiente para o protagonista Walter White (Bryan Cranston) entrar para a história das séries mais aclamadas dos últimos anos. As séries ‘Bates Motel’ (2013-2017) e ‘Friends’ (1994-2004) são outros bons exemplos.

Por outro lado, não é um exercício fácil encontrar o ponto ideal para finalizar uma série. A decisão não é somente do criador: as emissoras querem a permanência dos shows que fazem sucesso, claro. Voltando ao início, os fãs me desculpem, mas acredito que esse é o caso de ‘Supernatural’ e ‘Grey’s Anatomy’. Venhamos e convenhamos, a série dos irmãos Winchester deveria ter acabado no final da quinta temporada, seria ousado, cruel, mas a medida certa. Eric Kripke, o showrunner da série na época, deixou o cargo de principal produtor após a renovação da sexta temporada, em 2010, porque acreditava nisso.

Já ‘Grey’s’, uma de minhas favoritas, que teve o final chocante do final da décima primeira temporada como um divisor de águas, poderia ser este um bom desfecho para a série. A pergunta que não quer calar é: quantas tragédias Meredith Grey pode aguentar na vida? Só falta ela ser abduzida por alienígenas, porque todo o resto já ocorreu.

Em tempo, questões de bastidores, publicidade ou audiência podem decidir se uma série fica ou não na programação de um canal, mas não podemos negar que a qualidade é inversamente proporcional ao tempo de transmissão. Se vocês conhecem séries longas que fogem dessa realidade, contem aqui! Fernando começou a assistir a séries de TV e streaming em 2009 e nunca mais parou. Atualmente ele acompanha mais de 180 produções e já assistiu mais de 5,5 mil episódios, uma média de 23 por semana. A série mais assistida - a favorita - é "Grey's Anatomy", à qual ele reassiste com qualquer pessoa que esteja disposta a começar uma maratona.

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