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"The Good Place": será que Eleanor apoiaria o #elenão?

"The Good Place", da NBC, é estrelado por Kristen Bell e Ted Danson - Netflix/Divulgação

Faltam apenas nove dias para as eleições 2018 e ainda dá tempo de votar de forma consciente. A coluna Uma Série de Coisasconversou com a youtuber Jout Jout sobre a importância do voto e, desta vez, o assunto é ética e empatia. Mais especificamente, sobre a trajetória da personagem Eleanor Shellstrop (Kristen Bell) na série “The Good Place”, voltando para sua terceira temporada nesta sexta-feira (28). Se você não quer receber spoilers, daqui para frente é por sua conta e risco.

Quando uma pessoa acha uma carteira ou bolsa com dinheiro e devolve ao dono sem pegar nada para si, o fato pode acabar sendo narrado nos telejornais locais como um bom exemplo a ser seguido. Mas por que precisamos de um modelo positivo? Isso não deveria ser óbvio e natural? É comum pensar que no caso citado nós gostaríamos de ter nossos objetos pessoais devolvidos, por isso praticamos essa "boa ação".

A série “The Good Place”, transmitida pela NBC e distribuída pela Netflix, nos faz pensar em questões parecidas com essa, abordando temas éticos e filosóficos de maneira leve e divertida. Curiosamente, na nossa política, um determinado candidato levanta as bandeiras do machismo, misoginia, racismo e violência, como se fosse algo natural, mas ainda assim conquista seguidores. O exercício de empatia desce ladeira abaixo. A teimosia desenfreada dos eleitores daquele-que-não-deve-ser-nomeado é tanta que temos a sensação de que nem uma aula de Chidi (William Jackson Harper) resolveria. Vou explicar.

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O universo de “The Good Place” começa em um plano diferente dos humanos. Somos apresentados a uma espécie de vida após a morte, onde cada alma é encaminhada para o Bom Lugar (Good Place) ou o Mau Lugar (Bad Place), com base na quantidade de atos positivos e negativos que a pessoa fez enquanto esteve viva.

Com essas regras estabelecidas, Eleanor – que viveu da forma mais imoral e antiética possível – chega por engano ao lugar para onde vão as pessoas boas, lugar esse criado pelo anjo-arquiteto Michael (Ted Danson, indicado ao Emmy desse ano por esse personagem). Com medo de ser desmascarada e condenada, ela procura aprender a ser alguém que mereça estar ali. Para isso, Eleanor começa a ter aulas de ética com o professor Chidi, citado no início dessa coluna, na tentativa de provar seu merecimento ali.

Para uma série que chegou tímida e sem muita divulgação, a produção traz uma narrativa fluida com um plot twist que convence e surpreende. O ponto mais positivo é, sem dúvidas, o tom de comédia sem estereótipos ou piadas que possam gerar qualquer tipo de ofensa. Veja o trailer:



Vida real

A saga de Eleanor no longo caminho de seu aprendizado passa por todas as fases. Da negação ao entendimento pleno do que é ser bom. A protagonista começa a perceber que não adianta fazer o bem visando uma recompensa, é preciso querer. Provavelmente já poderia estar vestindo a camisa com a hastag #EleNÃO. Na vida real, o discurso de ódio vem de figuras públicas que deveriam praticar o respeito e a ética, mas não o fazem.

No caso da série é possível levar em consideração que a Eleanor não praticava a empatia por falta de conhecimento. Ninguém ensinou para ela os valores que permeiam a sociedade e uma pessoa sem informação correta está fadada à ilusão de achar que sabe o suficiente, quando, na verdade, não sabe.

Então partindo desse raciocínio, é inconcebível pensar que alguém minimamente informado concordaria com um possível líder para a nação que idolatra Carlos Alberto Brilhante Ustra, torturador que colocava ratos vivos dentro das genitálias de mulheres que eram contra a ditadura, entre outras atrocidades passíveis de condenação pela Convenção de Genebra.

Quando uma pessoa apoia abertamente “o cara lá”, geralmente alega que ele é o único candidato honesto. Isso não é verdade. São muitas acusações graves: é citado como receptador de propina sonegador de impostos. Além disso, é acusado também de criar projetos que dificultam o atendimento de mulheres violentadas sexualmente no sistema público de saúde, entre outras acusações igualmente graves.

Bom, não temos certeza se o que nos espera no além dessa vida é um grupo de anjos fazendo a contabilidade das coisas boas e ruins que fizemos aqui na Terra ou se existe um Céu e um Inferno de onde estamos sendo observados. O que cabe a nós, hoje, é a reflexão sobre a definição do que é ser justo e ético. Há uma relação entre as duas ideias, elas são aliadas. Ora, se a justiça é o respeito ao direito do próximo e a ética é a prática da justiça entre duas ou mais pessoas, como alguém pode esperar de um candidato à presidência a disseminação de preconceitos?

Fernando começou a assistir a séries de TV e streaming em 2009 e nunca mais parou. Atualmente ele acompanha mais de 200 produções e já assistiu mais de 6 mil episódios. A série mais assistida - a favorita - é 'Grey's Anatomy', à qual ele reassiste com qualquer pessoa que esteja disposta a começar uma maratona. Facebook: Uma série de Coisas. Instagram: @umaseriedecoisas. Blog: Uma Série de Coisas.

A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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