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“The Pitt” é um retrato intenso e humano da linha de frente médica

Nova série médica da Max entrega um drama emocionalmente poderoso com ritmo certeiro

Em "The Pitt", o Dr. Robby é interpretado pelo indicado ao Emmy Noah Wyle - Reprodução

Desde os tempos de “ER: Plantão Médico”, o drama hospitalar encontrou um público fiel, fascinado pelas histórias que transitam entre emergências médicas e dilemas pessoais. Com “The Pitt”, a Max entrega uma série que honra essa tradição e, também, moderniza o gênero ao destacar problemas estruturais do sistema de saúde americano

Criada por John Wells e R. Scott Gemmill, os mesmos de "ER", a produção captura a essência do caos e da resiliência encontrados em um departamento de emergência superlotado, oferecendo um equilíbrio entre ritmo, emoção e reflexão.

A escolha de ambientar cada episódio em uma hora específica de um turno de 15 horas no hospital de Pittsburgh é uma decisão narrativa criativa e eficaz. O formato mantém o espectador imerso no ritmo frenético e imprevisível de um pronto-socorro, enquanto permite que as histórias de cada personagem se desenrolem de forma natural e impactante. Essa estrutura traz autenticidade à série, dando ao público a sensação de viver a tensão e a exaustão dos profissionais da saúde.

Atuações e roteiro em sintonia

O roteiro se destaca ao equilibrar momentos de adrenalina – com emergências médicas complexas e dilemas éticos – com cenas mais introspectivas, que exploram as vidas pessoais dos personagens. Em nenhum momento o ritmo perde força, já que a série é habilidosa ao alternar entre as dinâmicas do hospital e os conflitos emocionais dos protagonistas.

O coração de “The Pitt” está em seus personagens. O Dr. Robby, vivido pelo indicado ao Emmy Noah Wyle, é um profissional que luta para manter a calma e a liderança em meio ao caos e os próprios traumas. Sua experiência e empatia são transmitidas de forma impecável, enquanto ele navega por situações que testam sua habilidade médica e resiliência emocional.

Ao lado dele, uma equipe diversa e cativante de médicos e enfermeiros traz profundidade ao enredo. Cada personagem carrega suas próprias histórias e desafios, desde recém-chegados que enfrentam a pressão do primeiro plantão até veteranos que lidam com o peso de anos de trabalho em um sistema sobrecarregado. Essas narrativas pessoais enriquecem o drama e reforçam a mensagem da série sobre o impacto humano do colapso do sistema de saúde.

Crítica social que não perde o foco

“The Pitt” brilha ao abordar temas delicados, como a superlotação hospitalar, a falta de recursos e as desigualdades do sistema de saúde americano. Mas, ao contrário de outras produções que sacrificam o entretenimento em nome de uma crítica social, a série faz isso com elegância, integrando essas questões à trama de forma orgânica.

Um exemplo marcante é a forma como o hospital enfrenta o dilema de priorizar pacientes com mais chances de sobrevivência, deslocando os que estão com um quadro estável para o corredor e, assim, possibilitar abrir espaço para novos pacientes. Essas decisões difíceis não são apenas representadas como parte do trabalho, mas também como reflexos de um sistema falho, o que convida o público a refletir sobre o custo humano de políticas ineficientes.

Produção de alto nível

A ambientação do hospital é realista, com uma estética que mistura modernidade e desgaste. O uso de câmeras em movimento e cortes rápidos aumenta a sensação de urgência. O elenco é outro destaque, liderado por Noah Wyle em uma performance carismática e convincente. Os coadjuvantes também brilham, especialmente em momentos que capturam a camaradagem e os atritos inevitáveis de uma equipe trabalhando sob intensa pressão.

“The Pitt” é uma série que entrega o que promete: um retrato intenso e realista da vida na linha de frente médica. Seu ritmo impecável, combinado com personagens humanos e uma crítica social bem dosada, a coloca como um dos melhores dramas médicos da Max.

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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