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Uma Série de Coisas

“The White Lotus”: Tailândia mantém a fórmula, mas consegue se sustentar?

Série da Max lança um episódio novo sempre aos domingos

"The White Lotus" retorna com grande elenco e nova trama ambientada na Tailândia"The White Lotus" retorna com grande elenco e nova trama ambientada na Tailândia - Reprodução/Max

A terceira temporada de “The White Lotus” estreou na Max com conexões mais fortes com os anos anteriores e um novo grupo de privilegiados em busca de auto indulgência em um resort paradisíaco. Desta vez, o destino escolhido é a Tailândia, e Mike White, criador da série, continua apostando na combinação que transformou a produção em um sucesso: hipocrisia disfarçada de sofisticação, dinâmicas familiares tensas, personagens contraditórios e, claro, um crime que abraça toda a narrativa. Mas até que ponto a fórmula resiste ao desgaste?

A estrutura segue praticamente intocada. Um novo grupo de hóspedes se instala no White Lotus, cada um carregando suas próprias falhas e segredos. O elenco desta temporada inclui nomes como Jason Isaacs (franquia Harry Potter), Walton Goggins (Fallout), Michelle Monaghan (O Melhor Amigo da Noiva), Carrie Coon (The Leftovers), Parker Posey (Beau Tem Medo), Aimee Lou Wood (Sex Education), Leslie Bibb (Jurado Nº2), Sam Nivola (O Casal Perfeito) e Patrick Schwarzenegger (Gen V), todos assumindo papeis que lembram figuras das temporadas passadas.

Esse, aliás, é um dos desafios desta terceira temporada: a constante sensação de que estamos assistindo a mesma situação, com outros nomes e rostos. A dinâmica da família Ratliff, por exemplo, lembra, e muito, o comportamento dos Mossbacher, da primeira temporada. Saxxon (Schwarzenegger) traz a mesma arrogância mimada de Shane (Jake Lacy), reforçando a ideia de que, embora os cenários possam mudar, os tipos de pessoas que frequentam esses espaços de riqueza são sempre os mesmos.

Por outro lado, White sabe como prender o espectador no jogo de "quem fez o quê". Mesmo quando a previsibilidade ameaça tomar conta, o criador da série encontra maneiras de nos manter investindo nos conflitos e desdobramentos. 

O elenco segue sendo um dos pontos altos. Isaacs e Posey brilham como os pais dos Ratliff, uma família que ostenta uma imagem impecável, mas esconde rachaduras profundas. Walton Goggins, como de costume, entrega um personagem que alterna entre o carismático e o detestável. A presença de Lalisa Manobal, a Lisa do Blackpink, também chama atenção e deve atrair ainda mais espectadores para a série.

No entanto, é no retorno de Belinda (Natasha Rothwell) que “The White Lotus” estabelece sua conexão mais direta com o passado. A ex-gerente do spa do Havaí reaparece para um período de treinamento na nova filial do resort, e a decisão de Mike White de não ignorar o que aconteceu com ela reforça que, por mais que os ricos sigam repetindo seus padrões, as consequências para os não privilegiados são mais pesadas.

Outra ligação importante foi a breve aparição de Greg Hunt (Jon Gries) como mais um hóspede do White Lotus, na Tailândia. Para quem não lembra, na primeira temporada ele foi casado com Tanya McQuoid (Jennifer Coolidge), uma das personagens mais queridas pelo público. Ele também aparece brevemente na segunda temporada, quando deixa Tanya sozinha no resort na Itália, planejando matá-la para ficar com a fortuna dela. Tanya descobre o plano e consegue escapar dos sequestradores, mas acaba morrendo após cair da lateral de um iate. Agora, Greg aparece na Tailândia com uma nova namorada. 

“The White Lotus” segue sendo uma série afiada e provocativa, mas que começa a dar sinais de repetição. O que antes era um olhar cirúrgico sobre as contradições da elite, agora corre o risco de se tornar redundante. A Tailândia traz novas paisagens culturais, mas o dilema permanece: até quando essa história consegue se sustentar antes de se tornar previsível? Até aqui, a viagem segue valendo a pena.

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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